Colesterol: 161 variantes genéticas são encontradas no DNA brasileiro
Pesquisadores brasileiros também criaram um teste capaz de prever se alguém tem menor ou maior risco de dislipidemia

A atualização das diretrizes de diagnóstico e tratamento do colesterol alto, anunciada em setembro, mostrou a importância de dar a devida atenção para essa condição silenciosa que está por trás de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC), as principais causas de morte do Brasil.
Agora, médicos e cientistas dão mais um passo para o conhecimento desse tipo de gordura. Uma análise do genoma de 19 mil brasileiros revelou a existência de 161 variantes genéticas ligadas ao acúmulo de gordura no sangue.
A pesquisa foi realizada pela Genera, primeiro laboratório genômico do Brasil, que acaba de comemorar 15 anos, em parceria com a Dasa.
As variantes genéticas encontradas dizem respeito à predisposição de vários tipos de perfis lipídicos (colesterol total, LDL, HDL, triglicérides e não-HDL), mas a grande maioria está relacionada aos triglicérides, uma gordura que é produzida pelo fígado e também está muito presente em alimentos, principalmente os que são ricos em carboidratos.
Além disso, mais da metade das mutações encontradas na nossa população já haviam sido descritas em outros povos, mas a pesquisa também encontrou muita informação inédita sobre o nosso DNA.
A partir dessas informações, os cientistas ainda criaram escores de risco poligênico (PRS) – exames que avaliam a existência de múltiplos genes que possam aumentar a predisposição à alguma doença.
A pesquisa está disponível em pré-print, ou seja, ainda não foi revisada por pares ou publicada em periódicos científicos. Mas mostra avanços importantes.
“Esse estudo mostra como tecnologia, ciência e dados podem mudar a forma como lidamos com a saúde. É a prova de que a genômica será cada vez mais protagonista na prevenção e no cuidado das próximas gerações”, destaca Leonardo Vedolin, vice-presidente da Área Médica da Dasa.
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Os testes apresentaram boa acurácia ao analisar quem tem um menor ou maior risco de ter colesterol alto. Entre os voluntários considerados de baixo risco, apenas 27% tinha dislipidemia, e entre os de alto risco, 74%.
“Pela primeira vez, conseguimos traduzir a diversidade genética brasileira em ciência aplicada à saúde. Isso significa prever riscos com mais precisão e orientar cuidados desde cedo. É um passo decisivo para a medicina preventiva no país”, afirma Ricardo di Lazzaro, médico geneticista e cofundador da Genera.
O colesterol alto é um dos principais fatores de risco para o surgimento de problemas cardovasculares, bem como a obesidade e o diabetes, outras condições que costumam aparecer juntas com o acúmulo de gorduras no sangue.
*Com informações da assessoria de imprensa.