Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Colangite biliar primária, a doença do fígado que causa coceira e fadiga

Cerca de 30 mil brasileiros sofrem com esse problema, que provoca prurido, cansaço e outros sintomas. E há um tratamento que pode ser incluído no SUS

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 28 fev 2019, 08h41 - Publicado em 20 ago 2018, 13h52
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Uma fadiga crônica, que insiste em não ir embora sem motivo aparente, e uma coceira chata, principalmente na palma das mãos e na sola dos pés. Estão aí os principais sintomas da colangite biliar primária, doença autoimune que afeta o fígado e que ganhou destaque recentemente pela possível incorporação de um medicamento contra ela no sistema público.

    Falaremos mais pra frente do tratamento. Antes, é importante compreender esse problema.

    O que é colangite biliar primária

    O fígado possui os chamados dutos biliares, que transportam a bile produzida ali para o intestino, onde participará da digestão dos alimentos. “Na colangite biliar primária, por algum motivo as células de defesa atacam esses canais, o que leva a um processo inflamatório”, explica o médico Paulo Bitencourt, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

    Por causa da agressão do próprio organismo, a bile não escoa como deveria. Aí, há um acúmulo de substâncias tóxicas na região. “Com o tempo, elas levam à fibrose no fígado e, posteriormente, à cirrose”, diz Bitencourt.

    Ou seja, a colangite biliar primária é uma enfermidade autoimune que pode comprometer o funcionamento desse órgão e exigir até transplante. Estima-se que 30 mil brasileiros sofram com ela, a maioria mulheres a partir dos 35 anos.

    Os sintomas e o diagnóstico

    Como a hepatite C, a colangite biliar primária não manifesta sinais claros no início. Os primeiros indícios físicos costumam ser uma coceira frequente, especialmente na palma da mão e na sola do pé, e o cansaço crônico. Às vezes, esses sintomas somem após um tempo. Conforme o fígado é destruído, surgem manifestações como pele e olhos amarelados (icterícia), inchaço da barriga e dor abdominal.

    Continua após a publicidade

    Esse transtorno é associado a um maior risco de outras doenças autoimunes. A pessoa não raro sofre com alterações na tireoide, artrite reumatoide, xerostomia (boca seca)… Ao detectar essas encrencas, o médico pode investigar também a presença da colangite biliar primária.

    E como ele faz isso? “A princípio, com dois exames de sangue muito usados para analisar a função hepática”, revela Bitencourt. São os testes de fosfatase alcalina e de Gama GT, comuns em checkups.

    Caso eles acusem algo suspeito, o profissional pede avaliações sanguíneas complementares, associadas a exames de imagem para verificar o estado do fígado. Por ser uma doença rara, muitas vezes o indivíduo demora até uma década para descobri-la.

    O tratamento

    É aqui que reside a maior discussão do momento no Brasil. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) recomendou preliminarmente não incorporar o medicamento. Segundo ela, o nível de evidência dos benefícios e o grau de recomendação são baixos – ou seja, seriam necessárias mais pesquisas para atestar o real poder da droga em questão. Além disso, o custo dessa medida aos cofres do governo seria de 11,77 milhões de reais no primeiro ano.

    Continua após a publicidade

    O médico Paulo Bitencourt faz ponderações sobre a alegação de que faltam estudos confiáveis: “Acompanhar um grande número de pacientes por um longo período de tempo é um processo complicado quando se fala de uma doença rara. Mas temos levantamentos que mostram benefícios e prova disso é que as autoridades dos Estados Unidos e da Europa oferecem o ácido ursodesoxicólico à população”.

    Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprova a comercialização de remédios no Brasil com base em sua segurança e eficácia, autorizou a venda desse fármaco faz algum tempo já. Até por isso, ele está disponível nas farmácias – só não de graça, claro.

    De qualquer forma, o ácido ursodesoxicólico parece frear a progressão da colangite biliar primária por reduzir a inflamação no fígado. Segundo Bitencourt, seu uso foi associado a uma menor necessidade de transplantes hepáticos.

    Os profissionais também podem recorrer a comprimidos que controlam a cirrose, por exemplo. E, como já dissemos, eventualmente optam pelo transplante.

    Continua após a publicidade

    No mais, o tratamento envolve o controle de problemas associados à colangite biliar primária, como a osteoporose, e o manejo dos sintomas que já mencionamos.

    Com um bom atendimento, a vida desses pacientes pode melhorar bastante.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.