Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Coronavírus: cloroquina será dada a casos graves de Covid-19. Faz sentido?

Ministério da Saúde anuncia que enviará doses de cloroquina para tratar casos graves e hospitalizados, mesmo sem comprovação de eficácia

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 18 ago 2020, 10h47 - Publicado em 25 mar 2020, 18h41
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O remédio cloroquina, usado comumente no tratamento de malária e doenças reumatológicas, será aplicado em pacientes com o novo coronavírus (Sars-Cov-2) que apresentarem um quadro grave e estejam hospitalizados. A medida foi anunciada pelo Ministério da Saúde, que deve começar a distribuir o medicamento a partir do dia 26 de março.

    Denizar Vianna de Araújo, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, afirmou que, em pesquisas laboratoriais, a cloroquina trouxe resultados promissores contra o novo coronavírus. “Nos pacientes em estado grave, que estão na UTI recebendo diferentes tratamentos, a mortalidade dessa doença chega a 49%”, justificou, em coletiva de imprensa. “Sabemos que os estudos ainda estão avançando, mas nós precisamos oferecer alguma coisa para essas pessoas especificamente”, completou.

    Segundo ele, o Brasil tem larga experiência com a droga em questão principalmente por causa de seu uso contra a malária. O protocolo será de cinco dias de aplicação do fármaco. “E os pacientes ainda vão receber ventilação mecânica, o tratamento dos sintomas. Não deixaremos de fazer nada”, completou.

    Somente os médicos poderão definir quem vai tomar a cloroquina — ninguém conseguirá comprar o medicamento na farmácia. Denizar ainda ressaltou que sua equipe estará de olhos nos resultados desse tratamento e nas reações adversas. O fármaco pode causar cegueira, alterações no ritmo cardíaco e lesões no fígado.

    O fato de o Brasil conseguir produzir largas doses de cloroquina também foi considerado.

    Continua após a publicidade

    Faz sentido oferecer cloroquina para os pacientes com coronavírus nesse momento?

    De acordo com a biológa Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência e pesquisadora da Universidade de São Paulo, não. Ela citou um estudo recentemente publicado na China que não viu benefícios da medicação. “Esse trabalho, embora pequeno, é mais bem feito do que a pesquisa francesa que está servindo de justificativa para dizer que a cloroquina é promissora”, compara.

    Nesse experimento, 15 voluntários com Covid-19 receberam hidroxicloroquina — uma molécula análoga da cloroquina, que também foi empregada no estudo francês. Outros 15 não receberam o comprimido, mas todos os 30 participantes tiveram acesso aos tratamentos convencionais.

    “Do grupo que recebeu a droga, 13 estavam com a carga viral zerada após uma semana. Do grupo que não a recebeu, 14 estavam livres do coronavírus”, revela Natalia. “Ou seja, estatisticamente não há qualquer diferença entre tomar e não tomar a cloroquina, segundo esse trabalho”, analisa.

    Continua após a publicidade

    A pesquisadora também critica o fato de o remédio contra malária ser administrado em pacientes com complicações graves do Sars-Cov-2. “São indivíduos já fragilizados. Não é uma boa ideia dar um tratamento sem qualquer evidência de eficácia e que pode causar reações adversas severas”, sentencia. Nos Estados Unidos, um americano morreu ao ingerir a cloroquina por conta própria para tratar a Covid-19, como mostra VEJA.

    No momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lidera um conjunto de pesquisas com quatro medicamentos, que incluem a cloroquina. Um conjunto de instituições brasileiras também anunciou que realizará testes com a molécula.

    Já um consórcio de instituições liderado pelo Inserm, na França, vai testar as mesmas drogas que a OMS — com exceção justamente da cloroquina.
    Natalia admite que, nesse tipo de crise, certas pesquisas podem ser aceleradas para trazer resultados mais rápidos para a sociedade. “Mas, no momento, não temos nenhum remédio com um mínimo de evidência científica para ser aplicado nos pacientes”, diz.

    Continua após a publicidade

    A cloroquina ganhou destaque após um pronunciamento do presidente americano Donald Trump, que defendeu sua utilização. Pouco tempo depois, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, passou a defender pesquisas com ela.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.