Circuncisão: para quem é indicada a remoção do prepúcio?
Procedimento é adotado predominantemente por razões religiosas, mas cirurgia também serve para tratar ou prevenir problemas de saúde no pênis
A circuncisão é uma das cirurgias mais antigas das quais se há registro na história. A remoção do prepúcio, pele que recobre a glande do pênis, costuma ser realizada por motivos religiosos: no islamismo e no judaísmo, o procedimento é um ritual feito em recém-nascidos.
Mas a cirurgia também serve como intervenção médica para prevenir ou tratar problemas de saúde que acometem o pênis. Saiba quando o procedimento é necessário e se há problemas em escolher não fazer a circuncisão em recém-nascidos.
O que é circuncisão?
O prepúcio é a pele que cobre a glande – a extremidade do pênis. Seja quando o pênis está flácido ou ereto, o prepúcio pode recuar e expor a glande, que é uma região de mucosa sensível.
Por volta dos 5 anos de idade o prepúcio se separa naturalmente da glande do pênis e torna-se retrátil. A higienização do órgão precisa ser mais cuidadosa a partir desse momento, para evitar o acúmulo de secreções na glande.
Embora seja mais comum realizar a circuncisão em recém-nascidos, adultos também podem fazer a cirurgia para tratar questões de saúde.
A circuncisão pode ser feita com anestesia local ou geral. É um procedimento simples e, em recém-nascidos o tempo de cicatrização é de cerca de 10 dias. Para adultos, podem levar algumas semanas até que a incisão sare por completo.
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Para que serve a circuncisão?
Para além de motivos religiosos ou culturais, a circuncisão em recém-nascidos pode ser feita para prevenir alguns tipos de doenças do pênis. A Academia Americana de Pediatria afirma que os benefícios da cirurgia são maiores que os riscos, e, portanto, famílias que assim o desejam podem realizar a cirurgia logo ao nascer.
Alguns dos motivos médicos que levam à circuncisão de recém-nascidos são:
- Prevenção de infecções do trato urinário;
- Redução de risco de câncer do pênis;
- Redução do risco de contaminação por HIV em locais onde o vírus é prevalente.
Em relação ao HIV, existem evidências de que pessoas com pênis circuncidado têm menos chance de adquirir o vírus. Ainda não há evidências suficientes para atestar a efetividade da cirurgia em prevenir outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Em alguns casos, a circuncisão pode ser adotada como tratamento para condições como fimose, parafimose, balanite recorrente ou balanopostite.
A fimose consiste no estreitamento do prepúcio, que faz com que a glande não possa ser exposta. Quando há parafimose, o prepúcio retrai mas não retorna para a posição original. Já a balanite é uma inflamação da glande – se o prepúcio também ficar inflamado, é um caso de balanopostite.
Outra razão para a circuncisão é a balanite xerótica obliterante, inflamação crônica da glande e do prepúcio. Em geral, linhas de tratamento menos invasivas são priorizadas, como o uso de antibióticos e anti-inflamatórios, antes da opção pela cirurgia.
O câncer do pênis também pode levar à necessidade de remoção do prepúcio.
Complicações
É mito que a circuncisão traga benefícios ou prejuízos para a vida sexual – o que pode acontecer é uma redução na sensibilidade da glande em alguns casos.
São raras as complicações causadas pela cirurgia, e o risco é ainda menor quando a circuncisão é feita logo ao nascer.
Alguns dos sintomas que indicam infecção ou outro problema após a cirurgia são:
- Febre;
- Dificuldade para urinar;
- Vermelhidão;
- Sangramento excessivo;
- Dor persistente;
- Secreção com cheiro ruim no pênis;
- Inchaço duas semanas após a operação.
Em bebês, também é necessário buscar atendimento médico caso a criança não tenha urinado passadas 12 horas da circuncisão. Choro excessivo é outro sinal de que pode haver algo errado.
Uma cirurgia de revisão da circuncisão também pode ser necessária às vezes, como quando o processo de cicatrização não ocorre da forma ideal e o prepúcio adere ao pênis.
Deve-se evitar a circuncisão em pessoas com problemas de coagulação de sangue, em crianças nascidas prematuras ou com condições que afetam o pênis.
Quem não faz circuncisão tem mais chance de ter problemas?
Não necessariamente. A maioria dos benefícios da circuncisão tem a ver com a facilidade de higienização da glande proporcionada pela ausência do prepúcio no pênis. Isso, claro, considerando casos preventivos – quando não há algum problema de saúde que exija a remoção cirúrgica do prepúcio.
Assim, dá para prevenir vários problemas apenas lavando corretamente o pênis no banho e higienizando o órgão após urinar ou ter relações sexuais. A higiene e o uso correto de preservativos ajudam a evitar a contaminação por doenças e outros problemas causados pelo acúmulo de microrganismos na região genital.