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Brasileira carrega sangue e DNA do irmão gêmeo; entenda caso inédito

Ana Paula Martins é a única mulher a carregar cromossomos XY no sangue e conseguir engravidar

Por Valentina Bressan
25 ago 2025, 15h52
Ana Paula recebeu células-tronco do irmão gêmeo durante a gestação
Ana Paula recebeu células-tronco do irmão gêmeo durante a gestação (Mikael Häggström/CC0/Wikimedia Commons)
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Você já deve ter ouvido falar de casos em que um dos gêmeos absorve o outro ainda no útero, durante a gestação. Mas a brasileira Ana Paula Martins representa uma situação inédita na ciência: ela carrega o DNA do irmão gêmeo no sangue. A história foi divulgada pela BBC Brasil.

Chamado de quimerismo natural ou espontâneo, o fenômeno é extremamente raro. No mundo, Ana Paula é a única pessoa de que se tem conhecimento que possui esta condição sem prejuízos à fertilidade.

O que é quimerismo espontâneo?

A descoberta do caso de Ana Paula ocorreu no início de 2022. Ela tinha sofrido um aborto espontâneo, e a médica que a acompanhava indicou um exame genético.

Ao avaliar o teste, os cientistas se depararam com uma situação incomum: o sangue da brasileira, de 35 anos, apresentava cromossomos XY – típicos de pessoas com características sexuais masculinas. O restante do corpo tinha os cromossomos XX, do fenótipo feminino.

Ana Paula também têm útero e ovários funcionais. A investigação contou com cientistas do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), do Hospital Israelita Albert Einstein e do grupo Fleury.

Em geral, casos em que mulheres apresentam cromossomos XY implicam em infertilidade e outras doenças genéticas raras – mas não foi o caso de Ana Paula, que já havia engravidado anteriormente e hoje tem um filho saudável (e sem alterações no DNA). Ela é a única pessoa com quimerismo espontâneo com uma gestação bem-sucedida no mundo de que se tem conhecimento.

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Nosso código genético é uma característica única, e por isso, é usado para identificar as pessoas. Então, é como se Ana Paula carregasse a identidade genética de duas pessoas em uma só: a dela e a do irmão gêmeo.

Ou seja: se uma amostra da pele de Ana Paula for testada, serão encontrados genes XX. Já se o alvo do exame for o sangue, os cromossomos são XY e o código genético é idêntico ao do irmão.

Diferenças para a síndrome do gêmeo desaparecido

A síndrome do gêmeo desaparecido é justamente o caso em que um dos fetos absorve o outro em uma gestação gemelar. Um dos embriãos para de se desenvolver ainda no início da gestação, e o tecido é absorvido pelo embrião sobrevivente.

A situação costuma ser inofensiva, é mais comum durante os primeiros trimestres da gravidez e nem sempre tem causas claras.

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Ainda pode ocorrer a síndrome do gêmeo parasita: quando os tecidos do embrião que parou de se desenvolver não são totalmente abosrvidos, e se fixam ao do embrião sobrevivente, o que pode resultar em alterações nos órgãos e membros.

A situação de Ana Paula é diferente: o irmão gêmeo dela está vivo e bem. O caso ocorreu naturalmente durante a gestação. A hipótese é que, durante a gestação, as placentas tenham se conectado e trocado sangue. Células-tronco do irmão foram para o corpo de Ana Paula. Só que essas células permaneceram no sangue dela, gerando outras células XY.

Outra situação possível é o chamado quimerismo induzido. Ele ocorre quando é feito um transplante de medula óssea: a medula passa a produzir células com o DNA no doador no corpo do receptor.

Para o futuro, o caso de Ana Paula pode servir de exemplo para novas investigações sobre transplantes, reprodução e tratamentos genéticos.

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