Barbatimão: planta é famosa por tratar queimaduras. Será mesmo?
Embora o potencial cicatrizante seja bem documentado, ainda faltam estudos para atestar a segurança e efetividade de seu potencial fitoterápico
Típico do Cerrado brasileiro, o barbatimão é uma planta medicinal com propriedades cicatrizantes e adstringentes. Com grandes concentrações de taninos, seus extratos são empregados para o tratamento de feridas e queimaduras.
Embora seja investigado como uma ferramenta terapêutica para o alívio de diversas outras doenças, ainda faltam estudos para atestar a sua efetividade e segurança. Neste sentido, há mais um desafio: os efeitos tóxicos da planta limitam o seu desenvolvimento farmacológico.
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O que é barbatimão?
O barbatimão é uma planta hermafrodita, que pode medir entre dois e seis metros de altura. Seu tronco é tortuoso e suas cascas costumam ser ásperas e repletas de fissuras. Já seus frutos são vagens cilíndricas com sementes na cor parda.
Comum em solos arenosos, essa árvore possui ampla distribuição geográfica, permeando desde o Pará até a região Sudeste, passando pelo Planalto Central.
Propriedades medicinais do barbatimão
O barbatimão possui altos teores de taninos condensados, que são compostos fenólicos com ação adstringente. A presença desses princípios ativos amplia o potencial angiogênico da planta, favorecendo a formação de novos vasos sanguíneos e a reparação do tecido epitelial.
Neste sentido, é comprovado que o barbatimão tem um efeito cicatrizante significativo em queimaduras e feridas.
Além das substâncias taníferas, a planta possui alcaloides, flavonoides e saponinas. Essa combinação, portanto, lhe confere propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antimicrobianas e antiparasitárias. Essas ações já foram demonstradas em estudos preliminares.
Contudo, faltam bases científicas capazes de atestar qualquer efeito que vá além do seu potencial cicatrizante e adstringente. Ainda mais, porque a planta possui ação tóxica, um fator limitante para o seu uso farmacológico.
Quais são os usos dessa planta?
Os efeitos cicatrizantes do barbatimão costumam ser usufruídos na forma de pomadas e cremes. As cascas do tronco são as principais matérias-primas para o desenvolvimento desses produtos medicinais.
Elas também são utilizadas para chás. Entretanto, a bebida não deve ser ingerida sem prescrição médica, visto que muitos de seus benefícios e riscos ainda não foram mapeados.
Quais os riscos no uso do barbatimão?
Embora haja diversas pesquisas acerca dos benefícios do barbatimão, existem propriedades que não foram bem elucidadas. Ainda não há embasamento científico para comprovar a ação efetiva da planta para o tratamento de outras doenças.
Grande parte dos testes clínicos foram feitos em modelos experimentais e demonstraram que a planta pode ser tóxica para diferentes espécies de seres vivos. E, não para por aí: a dose terapêutica é muito próxima à dose de toxicidade. Há também estudos que associam o barbatimão a danos no sistema nervoso, sistema respiratório e trato gastrointestinal de animais.
Além disso, os seus extratos se mostraram comprovadamente efetivos e benéficos apenas a curto prazo. Portanto, faltam evidências que garantam a segurança do uso prolongado da planta em humanos. Com tudo isso em mente, não faça o uso por conta própria.