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As 10 práticas essenciais para combater a pandemia de Covid-19

Recomendações são baseadas em uma análise robusta de evidências científicas. O objetivo do documento é evitar práticas que podem agravar a pandemia

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 27 jul 2021, 17h45 - Publicado em 27 jul 2021, 17h11
Recomendações básicas para conter a Covid-19
Documento elenca medidas eficazes contra o coronavírus. (Ilustração: Thiago Almeida/SAÚDE é Vital)
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Um ano e sete meses após a descoberta do novo coronavírus, na China, o mundo ainda enfrenta novas ondas da pandemia. Um misto de desconhecimento (por se tratar de uma doença nova) com medo e ansiedade fez com que pessoas e profissionais da saúde tomassem medidas que, hoje, provaram-se equivocadas. Para dar esse esse alerta e indicar o que realmente tem respaldo científico em termos de prevenção e tratamento, estudiosos da campanha Choosing Wisely, que promove o uso racional de recursos na área da saúde e a medicina baseada em evidências, publicaram 10 recomendações básicas para conter a Covid-19. O compilado saiu no periódico Nature Medicine.

O estudo reuniu, principalmente, práticas que são comuns em muitos países, mas ineficazes ou prejudiciais na resposta à Covid-19. Um exemplo é o uso indiscriminado de medicamentos que já passaram por estudos científicos e se mostraram impróprios. No documento, cinco ensinamentos são voltados à população em geral e os outros cinco se destinam aos profissionais da área da saúde.

Para o médico infectologista Carlos Starling, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o trabalho é também um legado para que se mude a forma como encaramos as doenças respiratórias. “A Covid-19 não vai acabar da noite para o dia, e precisamos aproveitar todo esse conhecimento para lidar com outras infecções respiratórias”. Entenda cada ponto.

População em geral

1. Use máscara quando estiver em local público

O estudo pontua que o uso correto de máscaras faz o risco de contágio cair 95%. A maior proteção é oferecida pelos modelos N95 ou pela utilização de duas máscaras.

“Não há dúvida em relação a isso, independentemente da situação epidemiológica. É muito difícil convencer as pessoas a usarem máscaras, por isso não é recomendado flexibilizar. Os Estados Unidos e a Europa enfrentam uma subida nos casos após a decisão de liberar a população desse hábito. Afinal, surge uma nova variante, e os casos voltam”, avalia Starling. Ou seja, mesmo com o avanço da vacinação, não dá para abdicar do acessório.

O infectologista nota que a máscara deveria ser incorporada de vez, ao menos mediante sintomas respiratórios. “Ela protege o indivíduo de outras infecções respiratórias. Mesmo com a pandemia controlada, usar máscaras em lugares fechados será visto como tão higiênico quanto escovar os dentes. Na escola, por exemplo, nunca houve preocupação em proteger uma criança com gripe da outra. Só que esse vírus pode ser aquele que vai matar o avô do coleguinha”, ensina.

2. Evite aglomerações, especialmente em espaços públicos

O uso de máscara não é suficiente se houver aglomeração de pessoas, principalmente em lugares fechados. É comprovado que o risco de contaminação cai quando há um distanciamento físico de, pelo menos, um metro. Manter a ventilação adequada, abrindo portas e janelas, é uma medida importante para diminuir a propagação da infecção.

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3. Ao notar sintomas, faça o teste e se isole

Febre, dor de garganta, tosse e perda de olfato ou paladar são os principais sintomas da Covid-19. Quem perceber algum deles precisa ser testado e se isolar, se necessário, para evitar a propagação do vírus. Vale lembrar que a variante Delta, que tem circulado pelo Brasil e é mais transmissível, gera repercussões mais parecidas com a de um resfriado.

“A maioria dos pacientes pode ser tratada em casa e se recuperar bem com o monitoramento regular da temperatura e da saturação de oxigênio. As únicas intervenções necessárias são manter a hidratação e o uso de paracetamol ou similares para aliviar febre e dores no corpo”, conta o especialista da SBI.

mulher com sintomas gripais
Fique atento a sintomas. (Foto: Omar Paixão/SAÚDE é Vital)

4. Procure um médico se sentir falta de ar

“É preciso procurar assistência quando surgir um sintoma mais grave, como dificuldade de respirar ou saturação de oxigênio abaixo de 92%. É fundamental que esses sinais de alerta sejam bem difundidos”, alerta Starling.

Embora não exista um tratamento precoce contra a doença, a busca por ajuda mediante seu agravamento faz toda a diferença, pois a demora para receber oxigênio e os medicamentos usados nessa fase crítica pode diminuir a chance de recuperação plena.

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O estudo ainda recomenda que, enquanto não consegue atendimento médico, o indivíduo fique deitado de bruços para ajudar a respiração.

5. Vacine-se assim que puder

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e as agências regulatórias de cada país já deram aval a diversos imunizantes que estão sendo distribuídos pelo mundo. Mesmo quem já teve Covid-19 precisa se vacinar, pois há possibilidade de reinfecção.

“Vacinar-se o mais rápido possível é urgente. Não é para escolher vacina, Todas alcançam o mesmo objetivo, que é evitar mortes e formas graves da doença, o colapso do sistema de saúde e a transmissão da Covid-19”, reforça Starling.

LEIA TAMBÉM: Dados da vida real atestam: vacina boa contra a Covid-19 é vacina no braço

Profissionais de saúde

6. Não prescreva medicamentos sem eficácia comprovada

Não há estudos que comprovem a eficácia de remédios como favipiravir, ivermectina, azitromicina, doxiciclina, oseltamivir (Tamiflu), lopinavir – ritonavir, hidroxicloroquina, itolizumabe, bevacizumabe, IFN-α2b, fluvoxamina ou plasma convalescente. A lista está sempre em atualização, já que estudos seguem em andamento.

“É crime ético prescrever medicações sem confirmação científica. Ao usar esses remédios, as pessoas perdem tempo e podem piorar o prognóstico da doença”, resume Starling.

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7. Não use medicamentos como remdesivir e tocilizumabe, exceto em circunstâncias específicas

De acordo com evidências científicas, essas drogas podem, sim, ajudar no tratamento da Covid-19, mas na hora certa. Se errar o momento de administração, a situação do paciente pode piorar.

“São medicamentos com protocolo específico de tratamento para casos mais graves. Além disso, não devem ser utilizados indiscriminadamente, pois são caros e de uso hospitalar”, acrescenta o infectologista da SBI.

8. Recorra a esteroides e corticoides de forma prudente

O estudo detalha que os esteroides devem ser recrutados com cautela e apenas em em pacientes com hipóxia, o nome técnico para uma queda preocupante do oxigênio em circulação. É preciso ainda monitorar os níveis de açúcar no sangue.

“Esteroides e corticoides não devem ser utilizados diante dos primeiros sintomas da doença. Eles são deletérios e aumentam o risco de morrer de Covid-19. Só devem ser empregados em caso de dificuldade respiratória, principalmente quando o paciente já precisa ter suporte de oxigênio”, descreve Starling.

9. Evite tomografias computadorizadas e biomarcadores inflamatórios

Como não há evidências de que esses tipos de exames podem guiar o médico no tratamento da Covid-19, os pesquisadores aconselham que esses gastos sejam evitados. Até porque as verbas de saúde tendem a ficar mais escassas durante uma pandemia.

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10. Não deixe de tratar outras doenças graves

Mesmo quando há alta nos casos de Covid-19, outras condições sérias não devem ser negligenciadas pelos profissionais da saúde. Estudos apontam que doenças como câncer, tuberculose, além de problemas cardíacos, renais e de saúde mental ficaram de lado durante a pandemia. Partos, cuidado perinatal e imunização infantil também foram áreas afetadas, segundo a publicação.

Essa situação é bastante preocupante. Há estimativas de que a suspensão dos serviços de câncer, por exemplo, poderá resultar em mais mortes no futuro do que as provocadas pela Covid-19 durante a pandemia. Diagnosticar uma doença precocemente e dar início ao tratamento o mais rápido possível é crucial para evitar esse tipo de desfecho.

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