Artroplastia de quadril: entenda a cirurgia do presidente Lula
Procedimento substitui a articulação do local com o objetivo de tratar a artrose, amenizar dores e devolver mobilidade
Depois de mais de um ano convivendo com dores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se submeteu nesta sexta-feira (29) a uma artroplastia total de quadril. A cirurgia foi realizada em Brasília para tratar uma artrose que acomete a região.
Segundo os médicos envolvidos, a cirurgia correu bem e Lula deve viver uma vida sem restrições depois da recuperação.
O procedimento é considerado uma solução definitiva para o problema, mas ainda é subutilizado no Brasil. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, são cerca de 450 mil operações por ano. No Brasil, menos de 12 mil, apontam estimativas.
Antes de submeter a ele, Lula tentou sem sucesso aliviar o incômodo com outras medidas, como a infiltração de medicamentos. Em live realizada em julho, afirmou sentir dor o dia inteiro. “Às vezes, fica visível no meu rosto que estou irritado”, relatou.
A artrose do quadril é um desgaste da articulação comum ao envelhecimento, que também pode acontecer por questões genéticas e traumas.
Com a perda progressiva desta espécie de revestimento nas conexões entre os ossos, surge a dor, que pode impedir a realização de movimentos simples, como sentar e andar. A cirurgia é indicada quando o desgaste avança e outros métodos mais conservadores deixam de funcionar.
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O que é a artroplastia
Trata-se da substituição de todas as partes que formam a articulação, incluindo a cabeça do fêmur.
A cirurgia é considerada de alta complexidade, mas evoluiu muito nas últimas décadas, como explicou à VEJA Giancarlo Polesello, ortopedista do Sírio Libanês em Brasília.
“Na década de 1970, o paciente ficava de seis a oito semanas no hospital. Agora, o paciente vai embora menos de uma semana após a cirurgia”, diz.
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O processo todo leva cerca de três horas. O médico realiza um corte na lateral ou na frente da parte mais alta da perna, retira a parte superior do osso e desgasta o ponto de conexão com a bacia.
Depois, insere as novas peças: uma nova cabeça do fêmur instalada com uma espécie de furadeira, e uma taça acetabular na bacia, que lembra um cálice e fará às vezes de articulação.
Com tudo encaixado, o médico faz uma sutura, que deixa uma cicatriz de 10 a 15 cm de comprimento.
Como será a recuperação
O interessante da artroplastia é que, em geral, a pessoa já começa a colocar o pé no chão no dia da cirurgia.
As primeiras semanas são de fisioterapia leve e caminhadas com apoio de bengala, andador ou muleta (o médico define). Poucos meses depois, o indivíduo já consegue retornar às atividades físicas.
Lula deverá ficar internado até o início da próxima semana. Depois disso, trabalhará do Palácio da Alvorada enquanto se recupera.