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Aplicativo para celular detecta estágios do sono com precisão

Esse tipo de tecnologia, contudo, deve ser interpretada com cautela e não serve para fazer diagnósticos médicos

Por Chloé Pinheiro
28 nov 2024, 14h11
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Tecnologia ajuda a monitorar a qualidade do sono  (Samsung/Divulgação)
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Celulares e dispositivos vestíveis estão cada vez melhores em obter dados sobre a saúde. Prova disso é um estudo recente que avaliou um algoritmo da Samsung que classifica os estágios do sono.

A tecnologia processa dados coletados por sensores presentes nos relógios inteligentes da empresa, e foi testada em parceria com o Instituto do Sono, de São Paulo, em pesquisa com mais de 1,4 mil voluntários. Todos usaram o acessório e se submeteram à polissonografia, o exame mais completo para investigar distúrbios do sono, por pelo menos uma noite.

A análise mostrou que o algoritmo, embutido no aplicativo Samsung Health, teve uma precisão de 71% em relação ao teste oficial em identificar por quais fases do sono o usuário passou e quanto tempo elas duraram. O achado foi publicado em julho no periódico Sleep Medicine.

Para a biomédica Monica Andersen, diretora de ensino e pesquisa do Instituto do Sono, os resultados podem ajudar a população a conhecer melhor o próprio descanso.

“Estima-se que 70% dos moradores de grandes cidades sofram de alguma queixa relacionada ao sono. Esses dispositivos, cada vez mais leves, podem fornecer insights interessantes e nos colocam em uma nova era da medicina do sono”, comenta Monica, que é uma das autoras do trabalho.

+Leia também: Insônia nunca mais: os caminhos para superar o problema

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REM, profundo, N1, N2…. Entenda as fases do sono

Monica explica que a noite é dividida em fases, um conceito chamado de arquitetura de sono. São duas principais, o sono REM, etapa que concentra a maioria dos sonhos e é considerada essencial para a saúde do cérebro, e o não-REM.

Esse, por sua vez, é dividido em N1 e N2 — fases de transição da vigília para um sono leve —, e N3, o sono profundo. “É como se o cérebro fosse desacelerando para reorganizar tudo o que viveu durante o dia”, comenta Monica.

A maior parte da noite é composta da fase N2, que ocupa entre 45 e 65% do descanso. O sono REM compõe cerca de 25% da noite, em média, e o restante é composto por N1 e N3.

Vale pontuar que esse processo não é linear e não ocorre da mesma maneira ou duração para todas as pessoas. Ou seja, não dá para saber se você passou por esses estágios apenas olhando para o tempo dormido. “A única regra é que não é possível chegar ao sono REM sem passar pelo não-REM”, diz a especialista.

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+Leia também: Viralizou no Tiktok: usar ChatGPT para melhorar o sono funciona?

Como funciona o algoritmo

O algoritmo usa dados obtidos em sensores presentes no relógio. Além do acelerômetro, que detecta movimentos, o dispositivo usa uma tecnologia chama fotopletismogragia, ou PPG. Calma, explicamos.

“Trata-se de um sensor de luz que capta mudanças na refração [modo como a luz atravessa um meio] do vaso sanguíneo, e, com isso, mede frequência cardíaca e oxigenação”, elucida Fernanda Brandão, gerente de pesquisa de AI da Samsung Brasil.

Esses indicadores variam durante a noite, a depender do estágio em que o indivíduo se encontra. O algoritmo intepreta as informações colhidas e classifica o sono em REM, sono leve (N1 e N2), sono profundo e tempo acordado.

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A tela exibe a porcentagem que cada fase ocupou, e o aplicativo dá uma nota que vai de 0 a 100 para a noite. Depois de alguns dias de uso, ele avalia a qualidade do descanso no geral e exibe dicas personalizada para dormir melhor.

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Clique na imagem para ampliar (Reprodução/Reprodução)

Cuidados para interpretar os resultados

Ter insights sob medida é certamente bem-vindo, mas é preciso ter em mente que o dispositivo não faz diagnósticos.

 “O objetivo é que o usuário acompanhe a saúde ao longo do tempo e se conheça melhor para, se necessário, buscar auxílio médico”, diz Fernanda. 

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Monica reforça que é normal haver variações entre a duração de cada estágio do sono, e que ninguém dorme bem todas as noites. “A arquitetura do sono é dinâmica e sofre grande influência de eventos externos”, destaca.

Despertares, por exemplo, são comuns e esperados. Só representam um problema de saúde quando passam a comprometer o descanso. Mais do que números, a principal medida é o próprio bem-estar. “Uma boa noite de sono é aquela em que você acorda espontaneamente e apto para começar suas atividades”.

Mesmo assim, a especialista vê vantagens em acompanhar de perto esse momento. “Assim como hoje contamos passos e copos de água tomados, precisamos valorizar mais o sono, que é nosso principal fator de equilíbrio interno.”

+Leia também: Como fazer higiene do sono: 8 passos para dormir melhor já

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