Adultos com Síndrome de Down seriam mais vulneráveis à Covid-19
Principalmente a partir dos 40 anos, o risco de complicações por coronavírus aumenta entre pessoas com Síndrome de Down, segundo estudo. Conheça o cenário
Adultos com síndrome de Down podem ter três um risco três vezes maior de morrer por causa da Covid-19, quando comparados à população geral. Uma nova pesquisa publicada no periódico EClinical Medicine observa que a maior ameaça reside em pacientes a partir dos 40 anos. Neles, a probabilidade de falecimento é semelhante à de uma pessoa de 70 anos sem a condição.
“Esses resultados têm implicações no gerenciamento preventivo e clínico das pessoas com Covid-19 que têm síndrome de Down, e enfatizam a necessidade de priorizá-los na vacinação”, explica Anke Huels, uma das autoras do estudo.
A síndrome de Down é uma doença genética caracterizada pela trissomia do cromossomo 21. Ou seja, há uma cópia extra desse cromossomo no material genético. A condição afeta o desenvolvimento do corpo e do cérebro, o que pode levar a deficiências físicas e mentais, além de alterações em órgãos, no número de células imunes e na resposta dos anticorpos.
O estudo mencionado faz parte da iniciativa T21RS COVID-19, uma colaboração entre especialistas de sete países que estudam o impacto do coronavírus na população com Down. O grupo enviou um questionário a médicos e cuidadores que atuaram junto a pacientes com essa síndrome e tiveram Covid-19 entre abril e outubro de 2020.
Essa é a maior avaliação feita até agora sobre o assunto. Foram contempladas respostas sobre 1 046 pacientes, vindos principalmente da América Latina, dos Estados Unidos, da Europa e da Índia.
Os cientistas descobriram que os principais sintomas da Covid-19 são os mesmos para pessoas com e sem o distúrbio. Estamos falando de febre, tosse e falta de ar principalmente. No entanto, quando são hospitalizados, os pacientes com síndrome de Down tendem a manifestar quadros mais severos e uma alta ocorrência de complicações pulmonares, associadas a uma maior mortalidade.
O estudo alerta que, nesses indivíduos, o principal fator de risco de hospitalização após pegar a Covid-19 é a idade — estar acima dos 40 anos já os coloca no grupo de risco. Na população em geral, o limiar fica nos 60 anos.
De acordo com o estudo, a mortalidade entre pessoas mais jovens é pouco frequente. Ainda assim, é mais recorrente entre quem apresenta a síndrome de Down. “Muitos indicadores de envelhecimento acelerado foram documentados em indivíduos com essa condição, como o desenvolvimento prematuro de Alzheimer e demência”, afirmam os cientistas.
Excesso de peso, diabetes e cardiopatias congênitas, principalmente em homens, também aumentam o risco de complicações por Covid-19 entre a turma com Down (assim como no resto da população). “No entanto, como obesidade e cardiopatias congênitas ocorrem com maior frequência em pessoas com síndrome de Down, seu papel em potencializar consequências adversas nessa população é significativamente maior”, alerta o estudo.
Com base em algumas das descobertas desse trabalho, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos incluiu a síndrome de Down na lista de “condições médicas de alto risco”, priorizando os pacientes na vacinação. “Decisões parecidas também foram tomadas no Reino Unido e na Espanha, e nós esperamos que os outros países sigam assim”, arremata Alberto Costa, um dos pesquisadores.
O levantamento, claro, tem suas limitações. Ainda é preciso fazer investigações envolvendo um maior número de participantes para avaliar, por exemplo, se outras comorbidades recorrentes entre pessoas com síndrome de Down, como apneia de sono, refluxo gastroesofágico e epilepsia, aumentam os riscos de agravamento da Covid-19.
*Este conteúdo é da Agência Einstein.