O perigo do uso de anabolizantes
Está cada vez mais normalizada a utilização de esteroides no meio fitness, mas os riscos são altos e não existe dose segura
Se você é atleta ou praticante assíduo de academia, arrisco dizer que conhece alguém que usa anabolizante.
Pode até ser “com acompanhamento profissional” e “em doses baixas”, entre outros argumentos. Mas não se engane: nenhuma sociedade médica ou agência regulatória do mundo defende a utilização dessas substâncias, pois os efeitos adversos são imprevisíveis e podem ser fatais.
Inclusive, o Conselho Federal de Medicina (CFM) acaba de proibir a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) para finalidade estética, de ganho de massa muscular ou de melhoria do desempenho esportivo em pessoas sem deficiência hormonal.
“Não há um chip nessas drogas direcionando que elas só gerem hipertrofia nos braços e pernas. Na verdade, afetam outras partes do corpo, até o coração”, alerta o educador físico Guilherme Artioli, professor de fisiologia da Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra.
O uso de esteroides e afins cresce silenciosamente no Brasil, só que não há dados oficiais confiáveis sobre as vendas, até porque parte das compras é feita no mercado negro.
Estima-se que 3,3% da população brasileira seja usuária ocasional ou frequente de esteroides. Desses, 18,4% são esportistas recreacionais e 13,4% atletas.
Um dos motivos por trás dessa febre são os “falsos especialistas”.
“Hoje existe uma indústria de cursos que prometem ensinar a prescrever anabolizantes de forma correta e segura, o que não existe”, adverte o médico Clayton Macedo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
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Não caia nestes argumentos!
Quem vende diz que há preconceito em relação ao uso e se baseia em alegações falsas:
- “Tem indicação”
Não para fins estéticos ou de performance. Quem precisa de reposição hormonal usa testosterona sintética em baixas doses. - “Tá no exame”
Pessoas que prescrevem geralmente pedem uma “tabela periódica” de exames e hormônios para achar alterações que “justifiquem” o uso. - “Se pílula pode…”
Há quem compare anabolizantes com anticoncepcionais. Nada a ver: pílulas têm dosagem menor e passam por estudos. - “Tem pesquisas”
Muitos se baseiam em estudos com indivíduos doentes e estrapolam os resultados. Não há evidência confiável sobre pessoas saudáveis. - “Vale a pena o risco”
Esteroides clandestinos nem têm bula — fora o risco de ingredientes de péssima qualidade e contaminação. Não, não vale o risco!
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Ostarina é anabolizante?
Esse nome caiu nas graças da turma que faz de tudo para ganhar músculos. A ostarina integra uma classe de substâncias chamada SARMs — moduladores seletivos do receptor de androgênio.
Na teoria, a descoberta dos SARMs foi como achar um pote de ouro.
Diferentemente dos esteroides clássicos, que atuam em toda a musculatura, eles só agem nos músculos esqueléticos de braços, pernas e companhia.
Ou seja, não haveria efeitos colaterais. Mas isso não se comprovou nas pesquisas. A ostarina pode causar problemas no fígado e no coração.
Portanto, tem status de anabolizante e pode ser perigosa. Ligandrol, andarina e cardarina são outros exemplos de SARM.