Há um mar de minúsculas moléculas que trafegam por nossas veias e artérias, cada qual com suas tarefas. Imagine então quão complicado é compreender o papel das atividades físicas na produção e na interação delas com o organismo. Mas essa missão não assustou pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália.
Em um empreendimento sem precedentes, eles recrutaram 52 soldados e avaliaram aproximadamente 200 substâncias diferentes no sangue de cada um antes e depois de um regime de treinos. “Escolhemos esses voluntários porque eles vivem no mesmo lugar [no quartel], têm os mesmos hábitos de sono, exercem o mesmo trabalho e comem a mesma comida”, explica o cardiologista John O’Sullivan, orientador da investigação.
Em situações controladas como essa, é possível descartar a influência de outros hábitos e verificar a real magnitude do efeito dos exercícios. E, pelo visto, ela é enorme. Segundo a investigação, 80 dias de musculação e práticas aeróbicas interferiram na capacidade de queima de gordura, na saúde dos vasos sanguíneos, na população de bactérias benéficas que habitam o intestino, na regulação de neurotransmissores por trás da sensação de bem-estar…
“Os resultados mostram que as adaptações do metabolismo promovidas pela atividade física são muito mais intensas do que reportado anteriormente”, conclui O’Sullivan.
Múltiplos benefícios
Investigações como essa deixam claro quão inadequado é comparar o potencial do exercício com o de um ou outro medicamento. “A influência da atividade física no metabolismo vai além de só regular a pressão ou só ajudar a emagrecer”, afirma O’Sullivan. “Ela tem um papel central na prevenção de diversas doenças cardiovasculares”, arremata.
Em outras palavras, a ideia de termos um comprimido que reúna todas as vantagens de uma vida ativa não passa de brincadeira. A malhação vem ganhando protagonismo mesmo no tratamento de várias enfermidades. Sabe-se, por exemplo, que mexer o corpo é um dos jeitos mais eficazes de combater a fadiga decorrente do câncer e da quimioterapia, ao mesmo tempo que parece reduzir o risco do surgimento de um segundo tumor lá na frente.
Pois é: para manter o organismo em pleno funcionamento, você precisa sair do sofá.