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Estudo sugere que coronavírus pode se alojar na gordura corporal

Pesquisadores buscam entender por que a obesidade está associada com casos mais graves de Covid-19

Por Karina Toledo, da Agência Fapesp
Atualizado em 14 jul 2020, 08h04 - Publicado em 13 jul 2020, 12h18
coronavirus obesidade grupo de risco
Cientistas estudam elo entre obesidade e gravidade do coronavírus. (Foto: iS/iStock)
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Experimentos conduzidos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicam que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) pode ser capaz de infectar células adiposas humanas (as células que estocam gordura) e de se manter em seu interior. Esse dado pode ajudar a entender por que indivíduos com obesidade correm maior risco de desenvolver a forma grave da Covid-19.

Além de serem mais acometidos por doenças crônicas, como diabetes, dislipidemia e hipertensão – que por si só são fatores de risco –, os obesos teriam, segundo a hipótese investigada na Unicamp, um maior reservatório para o vírus em seu organismo.

“Há células adiposas espalhadas por todo o corpo e os obesos as têm em quantidade e tamanho ainda maior. Nossa hipótese é a de que o tecido adiposo serviria como um reservatório para o Sars-CoV-2. Com mais e maiores adipócitos, as pessoas obesas tenderiam a apresentar uma carga viral mais alta. No entanto, ainda precisamos confirmar se, após a replicação, o vírus consegue sair da célula de gordura de forma viável para infectar outras células”, explica, à Agência Fapesp, Marcelo Mori, que é professor do Instituto de Biologia (IB) e coordenador da investigação.

Os experimentos com adipócitos humanos estão sendo conduzidos in vitro, com apoio da Fapesp. Os resultados ainda são preliminares e não foram publicados – portanto, seus achados devem ser recebidos com uma dose adicional de cautela.

Como explica Mori, não é qualquer tipo de célula humana que o Sars-CoV-2 consegue invadir e se replicar de forma eficiente. Entre as condições necessárias, está a presença de uma proteína na membrana da célula chamada ACE-2 (enzima conversora de angiotensina 2, na sigla em inglês), na qual o vírus se conecta para invadir a célula.

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Nas comparações feitas com células isoladas em laboratório, os pesquisadores da Unicamp observaram que o novo coronavírus infecta melhor os adipócitos do que, por exemplo, células do intestino ou do pulmão.

Até o momento, foram usados nos testes células de pacientes não infectados e submetidos à cirurgia bariátrica. Os adipócitos foram expostos a uma linhagem do novo coronavírus cultivada em laboratório por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.

As etapas seguintes da pesquisa incluem a análise de adipócitos obtidos diretamente de pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19, obtidos por meio de biópsia. Um dos objetivos é avaliar se essas células encontram-se de fato infectadas pelo Sars-CoV-2 e se o vírus está se replicando em seu interior.

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Também serão conduzidas análises para descobrir se a infecção afeta o funcionamento do adipócito e se deixa alguma sequela de longo prazo. E cabe reforçar: essas pesquisas ainda não trazem respostas consolidadas. Ainda não dá para confirmar, por exemplo, que o coronavírus tende a ser mais agressivo em pessoas com obesidade porque é capaz de se alojar com eficácia nas suas células de gordura.

Este conteúdo é da Agência Fapesp. Para ler a reportagem completa, clique aqui.

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