Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cólica em bebês: o porquê da dor e como lidar com ela

A dorzinha na barriga do bebê que tira o sono dos pais está relacionada ao desenvolvimento da criança. Entenda de onde vem a encrenca e como amenizá-la

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 6 fev 2019, 11h31 - Publicado em 6 fev 2019, 10h30

O bebê nasce, mama e faz cocô sem problemas nas três primeiras semanas de vida. De repente, começa a ter acessos de choro, desses acompanhados por contorcionismos de braços e pernas, punhos fechados e gritos inconsoláveis. É o início da época da cólica, que dura até por volta dos 3 meses e faz parte do desenvolvimento infantil. Apesar de comum — um em cada quatro bebês pena com o quadro —, a cena assusta, e seus efeitos nos pais estão longe de serem irrelevantes.

Em pesquisa recente com mil mães, duas em cada três afirmaram que a cólica tem alto impacto na rotina familiar. Privação de sono e cansaço são as queixas mais comuns, relatadas por 69% das respondentes. Já os sentimentos de tristeza e impotência abalam 53% das entrevistadas. Realizado pela marca de remédios antigases Luftal, o levantamento traz à tona uma realidade já conhecida nos consultórios.

“As crises geram desespero e angústia na família. E isso dificulta o manejo da situação”, observa a médica Mariane Franco, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Quando o sofrimento do pequeno desestabiliza os pais, a tensão pode piorar a dor. “Nessa fase, mãe e bebê vivem um processo simbiótico. Então, o que afeta um certamente afetará o outro”, explica a enfermeira Juliana de Oliveira Marcatto, professora da Universidade Federal de Minas Gerais.

Além dos fatores psicossociais, o tipo de dieta da criança e o perfil de sua microbiota são determinantes para o surgimento do aperto na barriguinha. Mas, em vários casos, a encrenca é apenas reflexo da imaturidade do sistema gastrointestinal.

Entenda: durante a digestão, a fermentação do leite faz com que o intestino dilate e acumule gases. Como o órgão ainda não se movimenta como deveria, há contrações involuntárias e a evacuação não acontece como manda o figurino. É nesse cenário de alterações inerentes ao desenvolvimento que aparece a dor.

As principais características de uma crise de cólica

Período crítico: Em geral, a dor começa no fim do dia, quando o bebê está cansado e o metabolismo passa a funcionar no modo noturno, mais lento.

Continua após a publicidade

Tempo certo: Para o diagnóstico, há uma regra de três: o ataque deve durar pelo menos três horas por dia e ocorrer mais de três dias por semana, durante três semanas seguidas.

Choro diferente: Ele fica mais intenso. Para ter certeza de que a cólica é a causa do berreiro, exclua outras possíveis causas, como fome, sono, frio e calor.

Mexe-mexe: O bebê fica irritado, com o rosto vermelho, tem contrações visíveis no abdômen, enrijecimento muscular e torções pelo corpo.

O que fazer na hora da cólica

O mais indicado na hora do berreiro é acalmar o bebê. Afinal, pouco se pode fazer para realmente dar fim ao tormento. Alguns medicamentos chamam a atenção, como os que capturam os gases no aparelho digestivo. A categoria é segura, já que não há absorção pela corrente sanguínea, mas seu uso gera controvérsias.

“A produção de gases é um sinal de que a digestão está ocorrendo normalmente, e as bolhas ajudam a empurrar o cocô. Por isso, a falta delas ocasionaria outro problema”, avisa o pediatra Ary Lopes Cardoso, chefe do Serviço de Nutrologia do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo.

Continua após a publicidade

Esses e outros remédios só devem ser utilizados por indicação do pediatra. Falando nele, 91% das mães disseram, na pesquisa, considerá-lo a principal fonte de informações contra a cólica. Ainda assim, há espaço para confusões sobre o tema. Por exemplo: 70% das mulheres acreditam em um elo direto entre o que elas comem e as crises. Só que não existe comprovação científica disso.

“A proteína do leite é o único composto ingerido pela mãe que pode influenciar, mas é preciso que a criança tenha alergia. E essa é uma exceção, não a regra”, esclarece a pediatra Cristiane Boé, do Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. Para suspeitar de algo mais sério, os sintomas devem ir além das lágrimas, incluindo irritação excessiva, baixo ganho de peso e até sangramento nas fezes.

Outro mito é de que o sufoco nessa fase levaria a um comportamento mais irritadiço no futuro — não há nenhuma prova a favor dessa história. O que se sabe é que ninguém precisa deixar o bebê chorando por medo de que ele fique “mal acostumado”. Na realidade, a dor intensa sem o contraponto do consolo estressa o pequeno e pode ter consequências negativas no equilíbrio mental e na maneira como ele responde à dor.

Na dúvida, bata um papo com o médico. E tenha em mente que essa fase vai passar. Porque, acredite, vai mesmo.

Colaborou: Marcus Renato de Carvalho, pediatra e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável técnico da pesquisa de Luftal

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.