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Sensação térmica: o que é, como é medida e quais fatores influenciam

Os índices registrados pelos termômetros podem ser percebidos de maneira ainda mais intensa pelos indivíduos, de acordo com diversas variáveis

Por Lucas Rocha
Atualizado em 26 ago 2024, 15h45 - Publicado em 26 ago 2024, 14h03
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A sensação térmica pode ser calculada de diferentes formas, dependendo das condições momentâneas de tempo (Imagem: pch.vector / Freepik/Divulgação)
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Em dias muito gelados ou de calor intenso, você certamente já duvidou dos números apontados pelos termômetros. Isso acontece porque as temperaturas registradas podem ser sentidas de maneira diferente pelas pessoas. É aí que surge o conceito de sensação térmica.

A sensação térmica é uma estimativa de como a temperatura do ar é percebida pelo corpo humano, levando em consideração uma série de fatores.

“O termômetro mede a temperatura do ar, mas nossa percepção é influenciada por aspectos como umidade, vento, exposição ao sol e nossa própria produção de calor corporal”, afirma a médica Tatiana Buainain, do Hospital Santa Paula, da rede Dasa.

“Em dias quentes e úmidos, o corpo tem mais dificuldade em se resfriar, porque o suor não evapora facilmente, aumentando a sensação de calor. Por outro lado, em um ambiente frio e com vento, a sensação térmica pode ser mais baixa do que a temperatura real, pois o vento remove o calor do corpo mais rapidamente”, acrescenta Tatiana.

Sim, em situações de baixa temperatura, o vento influencia no desconforto térmico pois remove continuamente a camada de ar quente que envolve nossa pele, e que funciona de certa forma como um isolante.

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Como a temperatura corporal humana é mais quente que a do ambiente nesse período, acontece um fenômeno em que passamos a ceder calor para o meio de forma mais rápida, aumentando a sensação de frio.

+ Leia também: Amplitude térmica: mudança brusca de temperatura faz mal à saúde

Como é medida a sensação térmica?

A sensação térmica pode ser calculada de diferentes formas, dependendo das condições momentâneas de tempo e não existe um modelo que seja universal.

No Brasil, o indicador geralmente está associado a dois modelos utilizados pela comunidade científica, que consideram nos cálculos a combinação entre temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento.

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Um dos indicadores é o índice de resfriamento (ou wind chill), que expressa o efeito do resfriamento do ar em movimento ou o vento a diferentes temperaturas. O dado é frequentemente utilizado no inverno, quando são registradas as menores temperaturas.

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Oscilação térmica pode levar à queda da imunidade e ao aparecimento de sintomas respiratórios (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Divulgação)

Outro método utilizado é o índice de calor (ou heat index), que considera o efeito da umidade sobre a temperatura. Quanto maior a umidade e a temperatura do ar, maior a sensação térmica, pois com o ar saturado de água é mais difícil de suar, processo responsável por “esfriar” o nosso corpo.

Este modelo é adotado nas análises dos períodos quentes, como no verão, quando a temperatura do ar alcança os valores máximos e a umidade relativa permanece alta em boa parte da estação.

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O estudo dos modelos de previsão de sensação térmica englobam um campo extenso de estudos. São mais de 200 índices do tipo contabilizados na bibliografia e a quantidade continua a aumentar à medida que novos elementos são englobados nos cálculos.

Além dos parâmetros que mencionamos, são utilizados ainda índices que consideram fatores ambientais, tipo de vestimenta, características fisiológicas e socioculturais. A sensação térmica também considera combinações de elementos do clima como radiação, temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento.

+ Leia também: Frio ou calor? O que é melhor para sua dor?

Além do termômetro

A sensação térmica é influenciada por vários fatores, além da mistura de temperatura, umidade e vento.

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Características fisiológicas e metabólicas de cada indivíduo também fazem parte dos cálculos. Uma pessoa com sobrepeso e sedentária vai ser mais afetada pelo calor do que um indivíduo com peso ideal para sua idade e altura e que se exercita, por exemplo.

As roupas também influenciam a sensação térmica, pois elas podem contribuir ou prejudicar as funções reguladoras da temperatura corporal. “Roupas podem isolar o corpo, aumentando a percepção de calor, ou então, permitir a dispersão do mesmo, diminuindo a sensação térmica”, diz Tatiane.

Características socioculturais fazem parte das variáveis relacionadas à sensação térmica: pessoas que vivem em localidades comumente afetadas pelo frio intenso adquirem tolerância ao frio e podem perceber quedas bruscas de temperatura de maneira diferente.

A exposição direta ao sol aumenta a temperatura percebida, mesmo que o ar esteja relativamente fresco. O esforço físico eleva a produção de calor do corpo, o que pode intensificar a sensação de aquecimento.

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“Em dias quentes, a umidade pode potencializar a sensação térmica. Podemos experimentar mais calor, por isso, a prática de atividade física nesses momentos é mais difícil”, afirma o médico Humberto Bogossian, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Fontes: Mauricio Sanches Duarte Silva, doutor em Ciências da Engenharia Ambiental da Escola de Engenharia de São Carlos (USP), com ênfase em conforto térmico e índices climáticos para turismo; Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e Universidade Federal do Tocantins.

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