Mudanças climáticas fazem o preço dos alimentos disparar
Estudiosos avaliaram como eventos extremos repercutem no cultivo e na economia com base em dados históricos. O horizonte preocupa
O aquecimento do planeta vem acompanhado de consequências para o bolso da população. O aumento das temperaturas médias poderá elevar a inflação anual dos alimentos até 3,2 pontos percentuais por ano até 2035.
A projeção é de uma pesquisa do Instituto Potsdam para Investigação do Impacto Climático e do Banco Central Europeu.
Publicada no periódico Communications Earth & Environment, do grupo Nature, a análise revela que o efeito persiste pelo período de um ano, tanto nos países ricos como nos pobres. Contudo, as repercussões são mais significativas nas regiões mais quentes do globo.
“As pessoas precisam estar preparadas para que esse aumento potencial no custo dos alimentos ocorra de forma elevada se as mudanças no clima continuarem ocorrendo de forma intensificada”, frisa o engenheiro-agrônomo Carlos Eduardo Cerri, professor da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (USP).
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“Soja, arroz, feijão e trigo podem ser mais impactados, por exemplo. São culturas comuns, que estão presentes direta ou indiretamente na cesta básica”, contextualiza o especialista.
Quedas de produção acabam impactando no valor dessas culturas, a velha e conhecida oferta e demanda.
“Para os agricultores é um desafio maior produzir. Então, o preço acaba ficando mais alto. Às vezes, a quantidade de insumo colocada tem que ser maior. Precisa fazer o replantio porque aquelas sementes colocadas no campo sofreram um período de seca incomum e o produtor não estava acostumado porque não era um padrão naquela determinada região, por exemplo”, diz Cerri.
Prato sustentável combate o aquecimento global
A dieta flexitariana pode ser um baita impulso para limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5ºC — meta na mira dos experts. Para isso, a mudança alimentar precisaria acontecer em grandes proporções, como documenta um novo estudo alemão.
A resposta para o desafio está na queda das emissões de gases de efeito estufa, especialmente o metano produzido por animais na pecuária.
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A dieta sustentável também diminui os impactos da produção de alimentos, como a desflorestação e a emissão de óxido nitroso.
O modelo flexitariano é conhecido pelo consumo de uma ampla variedade de vegetais e pela redução acentuada de carnes, aves, peixes e ovos.