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Áreas verdes são até 5ºC mais frescas, aponta estudo

Parques, áreas úmidas e arborizadas têm potencial de reduzir efetivamente a temperatura atmosférica, inclusive no verão

Por Lucas Rocha
1 nov 2024, 13h45
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Áreas verdes apresentam temperaturas mais amenas (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)
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Você certamente já percebeu como o clima dentro de um parque costuma ser muito mais agradável do que em uma rua cheia de prédios. Essa sensação é real tem explicações científicas.

As edificações urbanas favorecem a criação de ilhas de calor, deixando esses espaços com temperaturas mais elevadas. No contexto das mudanças climáticas, o cenário tende a piorar, com o aumento da frequência e da intensidade das ondas de calor, algo que os brasileiros já estão sentindo na pele.

Uma alternativa para amenizar o problema pode estar na chamada infraestrutura urbana verde-azul-cinza (GBGI, em inglês). O conceito reúne parques, áreas úmidas e arborizadas, com potencial de reduzir efetivamente a temperatura atmosférica, inclusive no verão.

Um estudo recente comprovou que tais espaços podem reduzir em até 5°C a temperatura local. O trabalho, publicado no periódico The Innovation, foi conduzido com pesquisadores de diversos países, e incluiu uma revisão de mais de 200 artigos sobre o tema.

+ Leia também: Tudo o que você precisa saber sobre sensação térmica

Como foi feito o estudo

O trabalho avaliou 51 tipos de GBGIs de diversas regiões do mundo, categorizados em 10 divisões e comparou os dados por tipos de estrutura verde-azul, que são áreas verdes (parques, canteiros, jardins botânicos e por exemplo) com água (lagos, rios ou riachos).

O maior impacto foi observado em jardins botânicos, com a máxima de resfriamento de 5°C e mínima de 3,5°C, seguido por áreas úmidas (4,9°C/3,2°C), áreas verdes paredes (4,1°C/4,2°C), árvores nas ruas (3,8°C/3,1°C) e varandas com vegetação (3,8°C/2,7°C).

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A estratégia colabora para o equilíbrio térmico, protegendo a área contra os excessos de temperatura e chuva, explica a física Maria de Fátima Andrade, professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) e uma das autoras do estudo.

“Os efeitos são mais locais e dependem da extensão das áreas verdes e das condições meteorológicas”, afirma Fátima. A análise oferece insights sobre necessidades regionais específicas e potencial intercâmbio de soluções entre diferentes cidades.

+ Leia também: Calor bate recordes consecutivos; mundo está aquecido como nunca na era moderna

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Parque Ibirapuera, em São Paulo, refúgio da população em dias quentes (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Ausência marcante do verde

O fenômeno das ilhas de calor afeta diretamente as cidades, que convivem com mudanças na superfície do solo. Com o aumento de construções de concreto e pavimentos, o calor fica concentrado e não se dissipa.

As consequências podem ser observadas na crescente tendência de eventos extremos de temperatura. As ondas de calor também estressam a vegetação, podendo diminuir a resistência das árvores a insetos, além de desregulações hídricas, que dificultam o processo de fotossíntese.

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“Com o aquecimento global, há uma necessidade ainda maior de amenizar esses fenômenos. É importante destacar que eles têm um impacto maior em populações mais vulneráveis que moram em espaços com pouco verde, residências sem ventilação e não podem contar com ar condicionado”, frisa Fátima.

O estudo destaca que paredes verdes, parques e árvores nas ruas foram as estruturas mais frequentemente analisadas nas pesquisas revisadas. Contudo, a mesma atenção na literatura científica não foi dada aos jardins zoológicos, campos de golfe, estuários, jardins privados e loteamentos.

“Mostramos com isso que há ainda muitos pontos sem uma análise criteriosa. E uma análise baseada em poucos estudos poderia ser contestada, incluindo a falta de estudos na América do Sul e outros países do sul global”, pondera a cientista.

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