Agrotóxicos ameaçam a saúde de bebês e gestantes no Brasil
Levantamento usa metodologia diferente, com base no uso do solo, para calcular impactos
Geralmente, funciona assim: um estudo científico sai e vira pauta na imprensa. Mas uma colaboração entre jornalistas e pesquisadores inverteu as coisas.
A ecologista Tatiane Moraes, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fez, a pedido das repórteres Silvia Lisboa e Carla Ruas para o portal InfoAmazonia, um levantamento mostrando que municípios com área agrícola têm taxas maiores de anomalias congênitas e mortes fetais.
Calcular o solo dedicado à agricultura foi um jeito de obter um cenário mais verossímil do uso de agrotóxicos. “Não temos dados robustos sobre o consumo no país e há muito contrabando”, comenta Tatiane.
Os dados corroboram outras evidências sobre os danos dos defensivos agrícolas, especialmente a gestantes e bebês.
O que a exposição pode causar?
Anomalias
Maior incidência de malformações sexuais, urinárias, orais e digestivas.
Prematuridade
Diversos estudos comprovam que as gestações tendem a durar menos.
Perda gestacional
Regiões onde o uso é intenso também podem registrar mais abortos espontâneos.
Baixo peso
Pesquisas também mostram que bebês nesses locais podem nascer menores.
Câncer infantil
A exposição a químicos ainda na barriga eleva o risco de leucemia depois.
Sistema imune
Suspeita-se de uma relação com alergias, mas os estudos não confirmam a teoria.
Desenvolvimento
Postulam-se impactos negativos na linguagem e em questões cognitivas.
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Achados da pesquisa
30% maior é o risco de perder o bebê antes da 28ª semana em cidade de Mato Grosso, com muita área agrícola, comparada a outra sem cultivos.
73% maior é o risco de morte antes do nascimento nas cidades gaúchas com mais da metade do seu território dedicado às plantações.
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