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Mariana Del Bosco é nutricionista expert em alimentação infantil e mãe da Alice e da Isabel. Por aqui ela traz as lições da ciência e da experiência (de casa e do consultório) para a criançada comer melhor
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Obesidade infantil: destaques recentes da Academia Americana de Pediatria

Nossa colunista avalia a última diretriz dessa entidade sobre como lidar com o excesso de peso em crianças. E introduz mais sete dicas a respeito do assunto

Por Mariana Del Bosco
22 jan 2024, 11h33
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  • Em 2023, a Academia Americana de Pediatria publicou um guia prático de avaliação e tratamento de crianças e adolescentes com obesidade. Desde as recomendações de 1998 e de 2007, o órgão defende a mudança intensiva de comportamento e de estilo de vida, com foco na criança, com a família no centro do processo, com abordagem multiprofissional e com técnicas motivacionais. 

    Isso, é claro, demanda mais tempo e recursos do que costuma se colocar em uma rotina típica de cuidado pediátrico. Nota-se que, quanto maior o tempo dedicado ao tratamento e quanto maior a frequência das visitas, melhor o resultado das intervenções

    Da mesma forma, abordagens que incluem mudança de comportamento, atividade física e nutrição estão associadas a maior efetividade. O consenso atual pede que a criança receba o melhor tratamento intensivo disponível, com colaboração de especialistas e de programas que a comunidade disponha. 

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    Na diretriz, discute-se ainda a dificuldade em aderir a mudanças de estilo de vida no contexto da desigualdade socioeconômica, que se sobrepõe às barreiras já conhecidas e discutidas nos outros documentos. 

    A maior compreensão dos determinantes sociais para a saúde nas doenças crônicas implica uma visão de tratamento que se integre às necessidades da comunidade, à medida que a obesidade é mais prevalente entre crianças que vivem na pobreza, com escassez de recursos; entre imigrantes e entre as que sofrem preconceito. 

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    Mesmo com um tratamento eficaz, o curso natural da obesidade é o reganho de peso. Por isso, as estratégias precisam abarcar um trabalho contínuo com o intuito de sustentar o resultado – ou seja, usar estratégias que foquem na manutenção do peso perdido.

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    Há uma discussão sobre o diagnóstico e o tratamento da obesidade na infância trazer, precipitadamente, um excesso de atenção à alimentação, à forma e ao tamanho corporal, o que poderia culminar num transtorno alimentar. 

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    A diretriz, entretanto, refuta essa relação, apontando que dietas por conta própria são um fator de risco, mas que o cuidado especializado está associado com redução dos sintomas associados ao comer transtornado. 

    Inclusive, muitas das estratégias dos programas de tratamento da obesidade aparecem também em iniciativas contra transtornos alimentares, tais como alimentação saudável, atividade física por prazer e para o autocuidado, valorização da autoimagem e da autoestima. 

    Outro ponto de destaque é o lembrete para que se evite rotular os pacientes, adequando a linguagem. Em vez de falar “a criança é obesa” , o melhor seria “a criança tem obesidade”. 

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    +Leia também: O que explica o aumento da obesidade entre jovens no Brasil?

    Aqui temos sete estratégias de alimentação e estilo de vida recomendadas por órgãos de saúde e que aparecem nos programas de tratamento com melhores resultados:  

    1.  Aconselhamento nutricional, sem a necessidade de dieta estruturada. Essa medida permite que as orientações sejam customizadas para a necessidade do paciente e criadas com o envolvimento da família, considerando a motivação para execução em cada etapa. 
    2. Redução do consumo de bebidas açucaradas. A  American Heart Association (AHA) limita a recomendação de açúcar a  25 gramas por dia. A Associação Americana de Pediatria não recomenda o uso de suco de frutas para crianças com excesso de peso, que devem priorizar a fruta in natura. 
    3. Inclusão de 60 minutos por dia de atividade física moderada. O exercício está associado à perda de peso e à melhora da glicemia e de outros parâmetros de saúde.   
    4. Limitar atividades sedentárias: a Associação Americana de Pediatria recomenda que não se utilize tela até 18 meses, que se limite a 1 hora entre 2 a 5 anos e que haja monitoramento parental para as crianças mais velhas, sem uso excessivo.
    5. Não pular o café da manhã. Evidências apontam que não fazer essa refeição associa-se a uma pior qualidade da dieta e a um maior risco de excesso de peso. 
    6. Garantir as horas de sono indicadas para a idade. Dormir pouco leva a um maior consumo de alimentos calóricos, menos pique para atividade física e mais fome. 
    7. Aplicar o “Método 5 2 1 0”, que compreende consumir 5 porções de vegetais e frutas por dia, limitar o uso de tela em 2 horas, fazer 1 hora de atividade física e não consumir nada de bebidas açucaradas

    Como em toda doença crônica, o paciente deve gerenciar as demandas da doença e do tratamento em conjunto com a família, com a comunidade e com a equipe. 

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    Se você ou sua família vivem esse desafio da obesidade na infância, é importante contar com uma equipe que facilite esse processo, individualizando o cuidado, dando soluções criativas e mitigando as barreiras. 

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