Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Guenta, Coração

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
Continua após publicidade

Poluição é o quarto principal fator de risco para a saúde do coração

Do descontrole do diabetes ao aumento da pressão arterial, entenda por que a situação atual é tão perigosa

Por Maria Cristina Izar, cardiologista*
10 set 2024, 10h27
meio-ambiente-poluicao-qualidade-do-ar
Quase toda a população global respira ar fora dos limites de qualidade definidos pela OMS (Foto: Jerry Zhang/Unsplash/Divulgação)
Continua após publicidade

As doenças cardiovasculares (DCVs) têm causas multifatoriais, que incluem predisposição genética e hábitos de vida. Porém, estudos cada vez mais específicos vão comprovando que a poluição ambiental também impacta negativamente na saúde do coração, a ponto de ser classificada como o quarto fator mais relevante, atrás somente do tabagismo, da hipertensão e da má alimentação;

Esses efeitos nocivos são ainda mais graves naqueles com DCV manifesta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 20% de todas as mortes cardiovasculares são provocadas por poluição. Ainda em 2004, a American Heart Association (AHA) declarou em um documento que a convivência com o ar insalubre contribui para DCVs e sua consequente mortalidade.

Entre as conclusões das entidades, evidenciou-se que a exposição – mesmo que a curto prazo – aos agentes poluentes da atmosfera tende a aumentar o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC), arritmias e insuficiência cardíaca em suscetíveis, como idosos ou pessoas com comorbidades. Quando há contato por períodos longos há mais chances de desenvolvimento e progressão da aterosclerose, hipertensão, insuficiência cardíaca e diabetes.

+ Leia também: É seguro fazer atividade física em dias poluídos?

De que maneira a poluição do ar acomete o coração?

Partículas microscópicas provenientes de agentes poluidores, como escapamentos de automóveis, chaminés de fábricas, usinas geradoras de energia, incêndios florestais e até mesmo fogões à lenha penetram em nossos pulmões.

Essas partículas medem menos de 2,5 mícrons de diâmetro. Para se ter uma ideia, 30 delas, lado a lado, têm a espessura de um fio de cabelo. A dimensão diminuta facilita sua entrada nosso sistema respiratório. Dali vão à corrente sanguínea, causando inflamação e outro processo prejudicial às células, conhecido como estresse oxidativo.

Continua após a publicidade

Evidências científicas sugerem que o material particulado é responsável pelas DCVs, enquanto o ozônio e o dióxido de nitrogênio estão associados principalmente à exacerbação de doenças respiratórias. Entretanto, os próprios pesquisadores admitem que o mecanismo de ação dos poluentes ambientais no sistema cardiovascular precisa ser mais estudado.

+Leia tambémEntenda a megapluma de fumaça que se espalha pelo país e afeta a saúde

Toxicidade do mercúrio para o coração

Na medida em que se aprofundam pesquisas sobre as consequências da poluição na saúde, tomamos conhecimento da toxicidade de certos elementos para o sistema cardiovascular.

Um exemplo é o mercúrio ou, mais especificamente, o metilmercúrio, uma das formas mais tóxicas do elemento, proveniente da síntese do vapor deste metal em contato com bactérias presentes em ambientes aquáticos. Dessa forma, o agente é incorporado ao ecossistema de rios e mares e vai se acumulando no tecido dos organismos.

Continua após a publicidade

Por isso, existe a chance real de, ao consumir peixes que ocupam o topo da cadeia alimentar, o indivíduo estar ingerindo alimento contaminado por metilmercúrio.

Uma vez no corpo humano, o metilmercúrio também provoca estresse oxidativo, que pode danificar o coração. Alguns trabalhos comprovam um elo entre níveis elevados de mercúrio no sangue e aumento da pressão arterial sistólica e diastólica, importante fator de risco cardiovascular.

Piora da diabetes

Mais do que comprometer diretamente a saúde do coração, a poluição atmosférica também é um agravante para patologias que ameaçam a saúde cardíaca, como o diabetes.

O declínio na qualidade do ar aumenta o comprometimento da tolerância à glicose em pacientes com diabetes. Ou seja, mais dificuldade para manter os níveis corretos de açúcar no sangue. E já há comprovações sobre essa condição influenciar uma das complicações da doença, que é o pé diabético.

Continua após a publicidade

O pé diabético resume uma série de alterações nos pés de pacientes com diabetes não controlado. Infecções ou má circulação dos membros inferiores são as mais comuns, provocando o surgimento de feridas que não cicatrizam e infecções que podem levar à necessidade de amputação.

Iniciativas para amenizar o problema

Mesmo este cenário grave não demanda políticas ambientais muito complexas.

A conscientização seguida de iniciativas práticas são estratégias que valem tanto em grande escala – para empresas poluidoras tomarem providências, com a colocação de filtros e exaustores em suas dependências, por exemplo – como atitudes individuais, com o uso de máscaras específicas ou a ventilação de ambientes insalubres.

Durante a consulta, convém aos médicos perguntar a seus pacientes – principalmente àqueles que já tenham predisposição às doenças cardiovasculares – sobre os locais em que vivem e trabalham. Cabe ao profissional, ao concluir que estes convivem com insalubridade, aconselhar sobre como reduzir a exposição aos poluentes.

Continua após a publicidade

Vale lembrar que pesquisadores já detectaram estreita relação entre o tempo de exposição aos poluentes particulados do ar e o tempo de hospitalização para tratar doenças cardiovasculares. Portanto, ações governamentais para reduzir a ocorrência de DCVs derivadas da poluição do ar reduzem o impacto financeiro ao sistema de saúde e, acima de tudo, poupam vidas.

E nos deixam respirar, literalmente, mais aliviados.

*Maria Cristina Izar é cardiologista, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp — biênio 2024/2025) e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo.

Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsApp
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.