Novo remédio aumenta em 100% colesterol bom e diminui o ruim em estudo
Ainda em fase experimental, obicetrapibe pode ser muito útil para prevenir as doenças cardiovasculares, principal causa de morte no mundo

Imagine um remédio que, com apenas um comprimido por dia, consiga reduzir drasticamente o colesterol ruim — aquele que entope artérias e aumenta o risco de infarto e AVC. Parece sonho? Pois um novo estudo científico acaba de revelar que isso pode estar mais perto da realidade do que se imaginava.
O protagonista dessa história é um nome ainda pouco conhecido: obicetrapibe. Esse novo medicamento tem gerado entusiasmo entre médicos e cientistas por sua capacidade de reduzir os níveis do colesterol LDL em até 30% naqueles já usando as famosas estatinas. Mas ele não para por aí: também melhora outros indicadores importantes da saúde cardiovascular como o colesterol bom (HDL).
O obicetrapibe foi testado em mais de 2.500 pessoas com alto risco cardiovascular — ou seja, pessoas que já têm ou já tiveram doenças no coração ou nas artérias, como infarto, derrame, obstruções arteriais ou colesterol hereditário muito elevado.
Todas essas pessoas já tomavam estatinas, que são os remédios mais comuns para colesterol. Mesmo assim, ainda não atingiam os níveis ideais de gordura no sangue.
O que os cientistas queriam saber era simples: será que esse novo medicamento pode ajudar a controlar melhor o colesterol, mesmo em quem já toma outros remédios?
A resposta foi clara: sim. Em apenas três meses, os participantes que tomaram obicetrapibe apresentaram quedas expressivas no colesterol ruim (LDL). E o melhor: a maioria não teve efeitos colaterais graves, e os poucos efeitos registrados foram semelhantes aos do grupo que tomou placebo (um comprimido sem princípio ativo).
Mas o benefício não foi só no LDL. O estudo também observou aumento do colesterol bom (HDL) em mais de 100% nos primeiros meses. E mais: não alterou os níveis de açúcar no sangue, o que mostra que o remédio não piora o controle do diabetes.
Em resumo, o obicetrapibe não só atua diretamente no colesterol, como parece ser seguro, eficaz e promissor para complementar os tratamentos já existentes. Ele ainda está em fase de testes, mas os resultados são animadores — especialmente para pacientes que não conseguem atingir seus objetivos apenas com os tratamentos tradicionais.
É claro que, como todo novo medicamento, ele ainda precisa passar por etapas de aprovação pelas agências reguladoras, como a Anvisa no Brasil. Mas se os dados continuarem positivos, o obicetrapibe pode chegar ao mercado nos próximos anos. E se tornar uma nova arma na luta contra doenças cardíacas, que seguem sendo a principal causa de morte no mundo.
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O estudo foi coordenado por um grupo internacional de cientistas, com liderança de especialistas de centros acadêmicos como:
• Imperial College London (Reino Unido)
• Monash University (Austrália)
• Universidade de Osaka e Chiba University (Japão)
• Universitair Medisch Centrum Utrecht (Holanda)
• Além de centros nos Estados Unidos, Polônia, Dinamarca, China, República Tcheca e outros países
Esses resultados foram apresentados na terça (7) no Congresso da Sociedade Europeia de Aterosclerose e publicados em um dos periódicos mais respeitados da medicina mundial, o New England Journal of Medicine.