Como a saúde mental afeta sua vida social e profissional?
Quando as emoções estão em desequilíbrio, é preciso "recalcular a rota"
Em um mundo cada vez mais veloz e exigente, a verdade é que a gente nunca para. Nem para pensar sobre o quanto a nossa saúde mental é capaz de causar impactos e limitar, em certa medida, a nossa vida social e profissional. A vida simplesmente acontece e a gente vai atropelando o que sente.
Enquanto crescemos, somos ensinados que precisamos ter amigos, um amor, um trabalho. É preciso socializar. Ser produtivo. ‘Ser feliz’ é praticamente uma imposição.
Tantas cobranças exercem no ‘mundo interno’ de cada pessoa uma espécie de pressão. Há quem diga que se sinta motivado com isso. Mas a verdade é que muitos não conseguem lidar com a frustração de não alcançar o que se espera de um ‘sujeito normal’.
Do ponto de vista psicológico, as maiores demandas de consultório da atualidade revelam parte desse problema.
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Antes mesmo de a pandemia de Covid-19 surgir, houve uma explosão no número de casos de ansiedade e depressão. Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimava que, em 2020, a depressão seria a doença mais incapacitante do planeta.
Em setembro do ano passado, a mesma OMS divulgou um relatório em que revelou que aproximadamente 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos todos os anos por causa da ansiedade e da depressão, gerando um custo à economia mundial de quase 1 trilhão de dólares.
Diante desses dados, é difícil saber, no detalhe, se a ocupação em si ou algo relacionado à vida pessoal provocou os diagnósticos que afastaram esses trabalhadores da função.
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Isso sem contar a subnotificação e os intangíveis prejuízos sociais dos pacientes e suas famílias.
Sim, porque uma saúde mental prejudicada também impacta negativamente nas relações interpessoais. Irritabilidade, angústia e melancolia podem afastar amigos e parceiros amorosos.
O desequilíbrio produz ainda relações tóxicas, cujos efeitos são traumáticos e, por vezes, levam anos para serem superados.
Recalcular a rota
Quando as emoções estão à flor da pele, é preciso ‘recalcular a rota’ da vida e buscar ajuda.
Antes mesmo de chegar a esse ponto, é possível adotar medidas preventivas. Muitas acabam sendo discutidas em sessões de psicoterapia, mas você pode refletir sobre algumas:
- Desapegue da perfeição: Muitas vezes achamos que o que produzimos é insuficientemente bom. Troque por “vou fazer o melhor com as ferramentas que tenho”.
- Dê menos importância para o que os outros pensam: Não há controle sobre isso e a verdade é que, mesmo fazendo o seu melhor, você não está imune a críticas.
- Agrade a si: Por que parece tão errado a gente se colocar como prioridade? A pessoa mais importante na sua vida é você.
- Revise seus relacionamentos: Cada um dá o afeto que consegue, portanto, é preciso reavaliar se o convívio com algumas pessoas preserva ou afeta sua saúde mental.
- Desacelere: Se você perceber que nada na vida é urgente, sentirá um alívio praticamente imediato.
- Tenha orgulho de você: A gente passa a vida tentando dar orgulho as pessoas que amamos, mas esquece de valorizar nossas próprias conquistas, das mais simples às mais importantes. Está na hora de se olhar com mais generosidade.
Não lidar bem com frustração, idealizar algo que não se concretiza, se sentir desvalorizado no trabalho ou no relacionamento amoroso, se decepcionar com amigos ou familiares: tudo isso acaba fazendo parte do viver.
Porém, quando a gente compartilha o que sente com alguém, a caminhada fica menos exaustiva. Lembre-se: você não está sozinho.
*Camila Tuchlinski é psicóloga, psicoterapeuta e pós-graduada em psicologia psicossomática