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Pediatras e outros experts da Sociedade de Pediatria de São Paulo discutem e ensinam medidas básicas para a criançada se desenvolver com saúde
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Problemas de visão entre as crianças: como notar?

Oftalmopediatra explica no que ficar atento para saber se está tudo bem com os olhos do pequeno

Por Dra. Rosa Maria Graziano*
Atualizado em 8 Maio 2023, 17h24 - Publicado em 7 jul 2017, 14h55
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Cada problema visual vem acompanhado de um sinal diferente (Foto: Alex Silva/SAÚDE é Vital)
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A visão é o sentido mais importante para o desenvolvimento físico e cognitivo da criança. Gestos e condutas são apreendidos quando ela observa as pessoas ao seu redor.  Pensando nisso, pais, pediatras e professores devem ficar atentos ao comportamento dos pequenos, pois um prejuízo no desenvolvimento visual pode ter consequências negativas para o resto da vida.

Os três primeiros meses de vida são considerados o período crítico para esse processo. Entre os 2 e os 3 anos de idade, a criança atinge a visão do adulto. Dos 7 aos 9 anos, o desenvolvimento visual está completo. É mais difícil tratar o que chamamos de ambliopia — popularmente conhecida como “olho preguiçoso” — depois disso.

Mas de que maneira observamos alterações nos olhos dos pequenos?

Existem algumas pistas que permitem ao médico flagrar problemas logo cedo. O Teste do Reflexo Vermelho (TRV), por exemplo, deve ser realizado pelo pediatra no berçário e repetido aos 30 dias, 1 e 3 anos de idade para avaliar alterações da transparência dos meios ópticos do olho e, dessa maneira, detectar a presença de catarata e glaucoma  congênitos (quando a criança nasce com esses problemas) ou retinoblastoma (um tumor ocular que aparece ao redor dos 18 meses de vida). Com o tratamento precoce, é possível restabelecer boa parte da visão.

Os pais, por sua vez, podem tirar fotos e observar nelas o reflexo vermelho na área da pupila de seus filhos. Devem ainda analisar a face da criança observando assimetrias ou alterações dos olhos e seus anexos. Existe assimetria facial ou das fendas das pálpebras? As bordas da pálpebra são vermelhas e possuem crostas? Há lacrimejamento ou olhos vermelhos? A pupila é branca, está fora da posição central ou tem tamanhos diferentes?

O que faz suspeitar que a criança pode não enxergar?

Preste atenção se o pequeno apresenta desinteresse por leitura ou é muito disperso, se ele se aproxima muito dos livros, da lousa ou da televisão para enxergar melhor e se costuma apertar os olhos para ver com nitidez.

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Dificuldades de aprendizado na escola podem ter uma causa visual — por isso ela deve ser avaliada e afastada. Ainda assim, devemos lembrar que existem outras razões para que isso aconteça, como déficit auditivo, problemas psicológicos ou emocionais e condições como dislexia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

O erro refrativo, que compromete a capacidade visual, está presente em 8% das crianças menores de 4 anos e em 22% das crianças com até 9 anos. Quando os erros refrativos de alto grau não são corrigidos, o mundo da criança é limitado, seu rendimento escolar prejudicado e, muitas vezes, surgem queixas de dor de cabeça e dispersão. Há repercussões também no comportamento: a miopia, quando não tratada, pode estar associada a uma personalidade introvertida. Hipermetropia e astigmatismo também podem levar a cefaleia, dispersão e pouca disposição para a leitura.

Cabe observar também se os olhos da criança estão constantemente vermelhos ou se ela acusa dor na região. Isso pode sugerir a existência de um grupo de doenças como conjuntivite, uveíte e neurite óptica, o que exige tratamento imediato. Erros refrativos, olho seco e até tumores cerebrais também podem provocar dor.

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Não existe um consenso de quando a criança deve ser avaliada preventivamente quanto à saúde ocular. Mas, como não é fácil cravar em casa se a criança está enxergando bem, sugere-se que a avaliação com o oftalmologista deva ocorrer a cada um ou dois anos. Isso ajuda a detectar precocemente erros refrativos, estrabismo e doenças oculares capazes de prejudicar o desenvolvimento visual da criança. O exame no consultório é objetivo e as crianças não precisam necessariamente falar para serem avaliadas. Para cada idade, existem tabelas apropriadas.

* Dra. Rosa Maria Graziano é médica, doutora em oftalmologia pela Universidade de São Paulo, presidente do Departamento de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo

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