Relâmpago: Revista em casa a partir de 10,99
Imagem Blog

Em primeira pessoa

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Numa parceria com o CDD (Crônicos do Dia a Dia), esse espaço dá voz a pessoas que vivem ou viveram, na própria pele, desafios e vitórias diante de uma doença crônica, das mais prevalentes às mais raras

Ela passou mais de 5 anos sem sentir nenhum gosto ou cheiro

Confira um relato sobre a perda do olfato e do paladar nas palavras de quem passou por isso

Por Zilda Mello, paciente, e Maria Dantas Costa Lima Godoy, otorrinolaringologista*
15 Maio 2025, 17h30
zilda-mello
Zilda Mello passou por tratamento bem-sucedido para reconquistar o olfato (Arquivo Pessoal/Reprodução)
Continua após publicidade

Por Zilda Mello

Eu demorei para perceber que tinha perdido o olfato e o paladar. Notei que tinha alguma coisa errada porque meus filhos me avisaram que a comida estava salgada demais, sem tempero ou tinha passado do ponto. Como já estava com os sentidos comprometidos, não sentia nem o cheiro forte de queimado.

Comecei ficar mais atenta à situação em 2018, dois anos antes da pandemia. Percebi que passei a evitar alimentos que eu comia normalmente. Pizza e empada não tinha jeito de comer, porque geralmente são feitas com orégano, que para mim tinha um sabor horrível. Pão de forma e arroz, nem se fala, porque pareciam uma ‘massa’ na minha boca, sem gosto nenhum. Embrulhava o estômago.

O problema também impactava na hora de limpar a casa, porque usava produtos de limpeza demais e deixava todo o espaço com cheiro forte. Eu não percebia, então, por vezes, meus filhos reclamavam do odor de cloro que ficava no banheiro e em outros cômodos. Foi um momento complicado!

Para mim, tanto a falta do olfato quanto a do paladar eram por causa da minha sinusite. Eu tenho um quadro crônico com pólipos do problema desde muito jovem. Nem perfume eu uso, porque ataca e fico espirrando, com o nariz escorrendo. É terrível!

Por isso, faço acompanhamento no Serviço de Otorrinolaringologia no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) com a Dra. Maria Dantas Costa Lima Godoy. Ali, descobri que eram a anosmia e a ageusia [perda do olfato e do paladar, respectivamente], que causam esses sintomas.

Continua após a publicidade

+Leia também: Por que podemos perder o olfato?

Hoje digo que o olfato melhorou 40% e o paladar 60%. Para isso, eu faço o treinamento olfatório, que é colocar creme dental, cravo e vinagre em alguns e potinhos e cheirar por dez segundos cada um deles. Precisa fazer todo dia, mas, às vezes, eu pulo um ou outro. Também uso medicação e faço lavagem nasal com soro fisiológico com alguns remédios, como indicou a Dra. Maria Dantas.

Desde 2023, como o meu pão de manhã com gosto. Aprendi a fazer pizza em casa e empada também, mas tudo sem orégano. Agora também cozinho com mais cuidado e peço aos meus filhos para experimentarem os pratos durante o preparo. Fico feliz em comer até alimentos que são amargos para mim, pois pelo menos sinto alguma coisa. Teve um tempo em que nem isso eu sentia.

tratamento-olfativo
Tratamento para perda de olfato é feito com exposição a cheiros marcantes (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Entenda a doença

Por Maria Dantas Costa Lima Godoy, otorrinolaringologista do HSPE

Continua após a publicidade

A perda do olfato pode ser total, anosmia, ou parcial, a hiposmia. O problema afeta o paladar também, pois quase 80% dos gostos são sentidos a partir do contato das partículas odoríficas com os neurônios olfativos, que estão presentes no fundo da cavidade nasal. A dificuldade ou a incapacidade de sentir os sabores é nomeada de ageusia.

Podem estar relacionadas com a perda do olfato: alterações nasais (sinusite e rinite com ou sem pólipos), doenças neurodegenerativas (Alzheimer e Parkinson) e pós-trauma, quando pancadas fortes na cabeça afetam o nervo e os neurônios olfativos.

O tratamento do problema é feito com o treinamento olfatório, em que o paciente sente o cheiro de diferentes itens, e medicação tópica e de ingestão. Existem casos com indicação de cirurgia, porém, a necessidade do procedimento vai depender do quadro clínico do paciente.

Estão mais suscetíveis a problemas no olfato também pessoas com alterações nasais e que enfrentaram alguma infecção viral. Esta última situação foi comum durante a pandemia da Covid-19, porque o coronavírus pode causar a perda do olfato temporária ou permanente. Na maioria dos casos, a capacidade de sentir cheiros retorna após a cura do quadro viral.

Continua após a publicidade

Quanto antes o paciente procurar por ajuda médica, mais fácil é sua recuperação. É comum o paciente não perceber que está perdendo o olfato e descobrir o problema após a consulta.

O cigarro piora o quadro. A demora para iniciar o tratamento pode impactar no desfecho, mas não impede a melhora. As consequências variam de acordo com cada caso, por isso, o ideal é procurar pela avaliação de um especialista.

* Zilda Mello, 67 anos, paciente do Hospital do Servidor de São Paulo (HSPE)

Compartilhe essa matéria via:
Continua após a publicidade

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 9,90/mês
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.