“Depois de 28 anos de aperto, abandonei o salto e vivo feliz de tênis”
Em um relato pessoal, gaúcha compartilha como anos de uso de salto alto afetaram sua saúde e como o conforto virou sinônimo de autoconfiança
Desde os meus 15 anos uso sapato de salto alto, em especial famoso scarpin. A minha inspiração veio de minha mãe, que sempre muito elegante, usava diferentes sapatos e eu ficava admirando-a.
Me formei em direito, e a profissão pedia mais formalidade e elegância. Pasta pesada segurando de um lado e um salto fino me acompanhando, haja equilíbrio. Chegava toda confiante na audiência e ao final, mal entrava no carro e jogava o salto longe.
Os anos foram passando e seguia com a ideia de que usar um sapato do tipo era sinônimo de autoconfiança, poder e feminilidade. No entanto, mal sabia que o uso contínuo desse calçado viria a causar vários danos à minha saúde.
Os dedos ficavam espremidos e a dor começou a fazer parte do meu cotidiano, mas eu, teimosa, não abria mão de um salto deslumbrante.
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Quando a dor fala mais alto
Os calos nos dedos começaram a incomodar, a sola dos pés pareciam que estavam se abrindo e a dor tomou uma proporção maior do que eu esperava.
Foi então que, no final de 2024, em frente aos meus 40 pares de sapatos guardados, me dei conta que a minha saúde é muito mais importante do que esse acessório lindo, mas ao mesmo tempo, potencializador de enfermidades.
Ao colocar em uma sacola para doação, fiquei refletindo: em meados do século XVI, a mulher começou a usar espartilho para moldar o corpo. Imagino a dor que sentia e o alívio quando retirava, os vestidos pesadíssimos que acompanhavam o vestuário. Para quê? E para quem tanto sofrimento? Resposta óbvia, somente para os outros.
O conforto que traz autoconfiança
Sim, esvaziei esse espaço. Depois de 28 anos apertando meus dedos, abandonei os saltos e vivo feliz de tênis. Hoje trabalho com mais conforto, menos dores, mais postura e muita confiança. Sigo sendo admirada pelo meu trabalho, e não é porque estou usando tênis que vou me sentir menos que alguém.
Precisamos desmistificar essa ideia de que precisamos deixar a saúde de lado para nos sentirmos vistos e respeitados, isso já deveria ultrapassado.
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