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AVC: de médico a paciente

Um profissional que atendeu vários casos de acidente vascular cerebral conta a experiência ter passado por essa situação  — e como foi retornar ao trabalho

Por Rodrigo Nobre, médico intensivista*
Atualizado em 11 ago 2023, 09h46 - Publicado em 11 ago 2023, 09h44

Há cerca de dez anos, meu trabalho tem sido salvar vidas como médico intensivista na UTI do Hospital Maternidade de Rancharia, em São Paulo.

De uma a duas vezes por semana, chegam pessoas com acidente vascular cerebral (AVC), condição que deve ser atendida com extrema urgência para evitar graves sequelas ou mesmo a morte.

 Eis que em 19 de setembro de 2021, deixei de ser médico para virar paciente.

Era um domingo ensolarado, e eu estava jogando airsoft – uma prática recorrente minha nos fins de semana.

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De repente senti um súbito mal-estar e sintomas de uma queda severa na pressão. Eu achei que estava desidratado ou com insolação devido ao calor excessivo daquela manhã. 

Só que, ao retornar para casa, senti uma piora dos sintomas. Vomitei algumas vezes e fiquei sonolento. Aí comecei a ter um princípio de afasia (distúrbio de linguagem) e paralisia dos movimentos no lado direito do corpo.

Nesse momento, fui encaminhado para o hospital onde atuava, onde confirmaram meu AVC.

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Com a maior prontidão, fui transferido para a Santa Casa de Presidente Prudente, outra cidade do interior de São Paulo, onde rapidamente passei por uma trombólise.

A trombólise visa dissolver um trombo formado na corrente sanguínea. Para quem tem um AVC, esse procedimento deve ser feito em, no máximo, quatro horas para evitar sequelas mais intensas ou morte. Felizmente, eu estava dentro dessa janela de tempo.

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Com o decorrer dos dias após o AVC, eu ainda continuava afásico. E, desde  então, venho enfrentando a mesma jornada que acompanhei tantas vezes com meus pacientes.

Realizei sessões de fisioterapia neurológica para trabalhar meu equilíbrio. Participei de um intenso treino de fonoterapia para reconquistar minha capacidade de comunicação.

Nesse começo do tratamento, a afasia me deixou falando apenas a palavra “não”. Para respostas positivas, eu precisava movimentar a cabeça para cima e para baixo.

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Quase três meses depois, no dia 6 de dezembro, retornei ao trabalho na UTI. A ambientação foi feita no período noturno – menos demandante –, porque minha comunicação ainda era restrita e eu não conseguia falar ou escrever tudo.

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O rápido atendimento e tratamento do AVC permitiu resguardar algo valioso: meu conhecimento.

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Me emociono quando lembro o quanto o hospital me apoiou nessa fase, junto à equipe e minha esposa, que é fisioterapeuta intensivista. Com toda a rede de apoio, pude voltar à missão de salvar vidas.

Após um trabalho árduo, hoje em dia eu consigo falar e escrever melhor. Conto minha história para conscientizar a todos da importância de conhecer os sintomas do AVC e, principalmente, de valorizar um atendimento rápido, preciso e eficaz.

Cada minuto é valioso no tratamento de um AVCApós quase dois anos do episódio, recuperei a autonomia e independência profissional, e continuo lutando para melhorar.

*Rodrigo Nobre é médico em medicina intensiva no Hospital e Maternidade em Rancharia (SP) vinculado a quatro unidades de saúde e foi médico clínico na Santa Casa de Presidente Prudente

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