Vacinas de dengue e gripe: desafios da imunização em meio a uma epidemia
Ambos os imunizantes estão disponíveis no SUS para certos grupos prioritários – e na rede privada também. Mas é necessário aumentar a adesão às doses!
A vacinação é uma das estratégias mais eficazes para prevenir doenças infecciosas, como a dengue e a gripe. No Brasil, o Ministério da Saúde promove anualmente campanhas com o objetivo de reduzir a incidência das doenças e suas complicações, diminuindo a necessidade de internações hospitalares e aliviando a sobrecarga nos serviços de emergência.
Um pilar fundamental para o sucesso dessas campanhas é combater as fake news sobre vacinas. A disseminação de informações falsas e que não estão baseadas em evidência científica pode levar as pessoas a duvidarem da eficácia e segurança das vacinas, colocando em risco não apenas a saúde individual, mas também a coletiva.
A campanha contra a gripe pelo Sistema Único de Saúde (SUS) teve início no dia 25 de março, com esquema de dose única, com o objetivo de proteger a população antes do aumento do vírus influenza ganhar força. A expectativa do Ministério da Saúde é imunizar 75 milhões de pessoas, incluindo idosos, puérperas, gestantes, trabalhadores da área da saúde, entre outros grupos prioritários.
A vacina aplicada será a trivalente, que protege contra três cepas diferentes do vírus: Influenza A (H1n1 e H3N2) e uma do tipo B.
Na rede privada, todas as pessoas a partir de 6 meses de idade podem tomar a quadrivalente, que protege contra uma cepa adicional do tipo B. Existe ainda uma terceira opção disponível nas redes particulares, a tetravalente que possui alta concentração (high-dose ou HD4V). Ela leva o nome comercial de Efluelda e é indicada para os idosos por conter mais antígenos, potencializando a produção de anticorpos e aumentando a proteção.
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Segundo levantamento da rede de laboratórios Dasa, entre os dias 24 de março e 6 de abril, em São Paulo houve um aumento de 3,7 pontos percentuais nos testes positivos para Influenza A e vírus sincicial respiratório (VSR). É esperado que o estado atinja o platô (quando existe a estabilização dos registros antes da queda de casos) até o final do mês de abril.
Esse é um sinal de alerta para que, além de aderir a vacina, você aumente cuidados como usar máscara em ambientes fechados – caso tenha algum sintoma da doença – e lavar bem as mãos.
Por outro lado, estamos enfrentando uma epidemia de dengue. O país já ultrapassou os 2 milhões de casos, maior número desde que o Ministério da Saúde passou a contabilizá-los, em 2020. No total, foram 758 óbitos confirmados e 1 252 ainda estão sob investigação.
Segundo o governo federal, cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas este ano, porém a fabricação das doses encontra-se em atraso. O grupo prioritário são adolescentes entre 10 e 14 anos – faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue (14,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023).
É importante que as autoridades e população façam uma força-tarefa para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. A eliminação de criadouros do mosquito e o uso de repelentes são importantes para reduzir o risco de infecção.
Embora o SUS se esforce para implantar os programas de vacinação em todos os estados brasileiros, a aderência para receber o imunizante contra a doença ainda é um desafio. Tanto que há uma baixa procura, com apenas 1,8 milhão de doses aplicadas (30,8% da distribuição).
*Fábio Argenta é cardiologista e sócio-fundador e diretor médico da Saúde Livre Vacinas, rede de clínicas focadas em vacinas. É membro do Comitê de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Membro Titular da Comissão Eleitoral e de Ética Profissional da Sociedade Brasileira de Cardiologia (CELEP).