Antes de falar da primeira consulta do bebê no dentista, é bom reforçar que o ideal seria que as visitas fossem feitas antes mesmo do nascimento da criança, enquanto ela ainda estiver no útero materno.
É o que chamamos de pré-natal odontológico. São nessas consultas que o odontopediatra avalia a condição da saúde bucal da gestante, pois ela reflete no bebê.
Depois do nascimento, começam outros cuidados. Ainda na maternidade, as equipes médicas fazem todos os exames necessários nos recém-nascidos, entre eles o teste da linguinha.
Trata-se de um exame padrão para diagnosticar precocemente possíveis limitações dos movimentos da língua, também conhecidos como língua presa, que pode comprometer as funções de sugar, engolir, mastigar e até de falar.
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No período de amamentação, o bebê desenvolverá seu sistema estomatognático, toda a musculatura da boca.
Nessa fase, os pais já devem começar a cuidar da saúde bucal do filho. A língua do bebê pode ser higienizada com uma escova de dentes de silicone, que normalmente é encaixada no dedo do adulto.
As cerdas macias vão remover a camada de leite que fica sob a língua e isso já vai criar uma referência da rotina de higiene oral na criança.
Primeira consulta do bebê no dentista
O primeiro dente surgirá por volta dos seis meses, momento correto para que os pais o levem à primeira consulta odontológica. Pois é aí que o odontopediatra inicia a fase de prevenção.
Uma dúvida comum que pode ser esclarecida nesse momento é sobre quando iniciar o uso de creme dental, e se ele deve ser com ou sem flúor. A ciência indica que seja usado um creme dental com 1100 ppm de flúor. Nesta primeira visita, o cirurgião-dentista vai orientar a dosagem correta.
O profissional também checa se há lesão de cárie ou alguma patologia na boca do bebê, como por exemplo, a doença mão-pé-boca e a estomatite, popular sapinho.
A cárie é a doença bucal mais comum na população e, se não for tratada adequadamente, pode progredir e precisar de um tratamento de canal.
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Vale dizer que, dentro do dente, há a polpa dentária, que é considerada o coração do dente. Quanto mais jovem essa criança for, maior e mais volumosa a polpa será.
Então, quando há uma cárie pequenininha, na hora do tratamento o profissional pode encostar na polpa e, assim, automaticamente precisará fazer tratamento de canal.
Se por algum motivo esse tratamento de canal não tiver sucesso, o dente precisará ser extraído precocemente, e isso pode modificar a mordida e a alimentação da criança.
Por essa razão é importante a prevenção. O dente decíduo (de leite) tem raiz e precisa ser cuidado, porque serve de guia e está ali para preparar um território saudável para a dentição permanente.
Cuidado diferenciado
Os atendimentos odontológicos para os bebês são distintos dos realizados às crianças maiores. O especialista utiliza uma postura, linguagem e formas diferentes para atendê-los, seja em cadeiras especializadas ou até mesmo no colo da mãe.
As primeiras consultas também diminuem o risco da criança desenvolver medo de dentista, porque acostumam as crianças com os profissionais e com os consultórios desde cedo.
Entre as técnicas que ajudam os odontopediatras nos atendimentos e diminuem a ansiedade dos pacientes estão os jalecos coloridos e os ambientes acolhedores e lúdicos.
Esse acolhimento se estende aos pais, pois, se eles passaram por alguma experiência negativa em consultórios, podem acabar passando desavisadamente esse medo ao filho.
Concluindo, ao cuidar da boca desde a primeira infância, os pais garantem uma boa saúde oral do bebê, da criança e, consecutivamente, do jovem e do adulto.
*Paulo Ricardo Duarte Bonavides, cirurgião-dentista, especialista e membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do CROSP