Dia Mundial Contra a Raiva: o que você precisa saber sobre a doença mortal
A raiva ainda mata milhares no mundo, mas pode ser prevenida com vacinação de cães e gatos e cuidados rápidos após exposição

A raiva é uma das doenças mais antigas conhecidas pela humanidade e, infelizmente, continua sendo uma ameaça real.
Trata-se de uma enfermidade viral zoonótica que atinge o sistema nervoso central de mamíferos — incluindo humanos, cães, gatos e animais silvestres — e que, uma vez manifestados os sintomas, é quase sempre fatal.
É chocante pensar que, mesmo com vacinas seguras e eficazes disponíveis, ainda perdemos cerca de 59 mil vidas por ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), principalmente em regiões mais pobres da África e da Ásia.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a raiva em cães e gatos causada pelas variantes clássicas do vírus está sob controle. No entanto, esses animais ainda podem ser infectados por variantes silvestres, transmitidas por morcegos, raposas e outros mamíferos.
Morcegos são a principal fonte de transmissão no Brasil
Em humanos, atualmente, a transmissão por morcegos é a principal fonte de infecção da raiva no país, representando um novo desafio para a saúde pública. Por isso, é essencial manter ações permanentes de prevenção, vigilância e identificação das variantes circulantes, garantindo respostas rápidas e eficazes para evitar novos surtos.
Além do impacto humano, o ônus econômico é enorme, com custos relacionados à perda de produtividade e ao tratamento pós-exposição. Mesmo em países considerados livres da raiva, a movimentação de animais de outras regiões mantém o risco constante.
Três pontos essenciais no combate à raiva
Diante desse cenário, como médica-veterinária, considero fundamental reforçar três pontos essenciais para combater a doença:
- É preciso compreender que a raiva é uma enfermidade grave e quase sempre fatal após o início dos sintomas, o que torna a prevenção absolutamente indispensável para proteger vidas humanas e animais;
- O vírus é transmitido principalmente pela saliva de animais infectados, por meio de mordidas, arranhões ou lambidas em feridas abertas ou mucosas. Animais silvestres, como morcegos, raposas e guaxinins, atuam como reservatórios naturais e podem contaminar cães e gatos, que, por sua vez, podem transmitir a doença às pessoas. Essa cadeia de transmissão reforça a necessidade de vigilância constante;
- A medida mais eficaz: a imunização anual de cães e gatos. Mais do que um ato de cuidado individual, vacinar é um compromisso coletivo. Ao manter nossos animais protegidos, interrompemos a circulação do vírus e garantimos a segurança de toda a comunidade, mesmo em regiões onde a raiva é considerada controlada.
O que fazer em caso de suspeita de exposição
Se houver qualquer suspeita de exposição — seja por mordida, arranhão ou contato com saliva de um animal suspeito —, a ação deve ser imediata: lavar o local com água e sabão e procurar atendimento médico ou veterinário sem demora.
O tratamento preventivo pós-exposição pode salvar vidas, mas precisa ser iniciado o quanto antes. Somente com a promoção da prevenção contínua e a disseminação de informações de qualidade sobre a doença poderemos, enfim, vencê-la.