Relâmpago: Revista em casa a partir de 10,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Postura inadequada no home office reduz a produtividade e afeta a saúde

Cuidar da coluna, do pescoço e do corpo como um todo é fundamental para evitar dores que sabotam o expediente dentro de casa

Por Yussef Ali Abdouni, ortopedista*
Atualizado em 10 abr 2023, 15h02 - Publicado em 24 abr 2021, 20h56
Foto de mulher sentada de pernas cruzadas em sofá, com laptop no colo
Cuidar da postura no home-office é importante inclusive para a produtividade. (Foto: Jornada Produtora/Unsplash/Divulgação)
Continua após publicidade

A necessidade do isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus alterou a rotina de milhões de pessoas. Do dia para a noite, casas foram transformadas em escritório ou sala de aula — e o aparente conforto de cumprir o expediente no próprio lar foi substituído, após algumas semanas, por queixas relacionadas à má postura. Mais de um ano depois, consultórios ortopédicos como o meu seguem recebendo cada vez mais pacientes com dor associada ao home office.

O mais comum desses incômodos é a lombalgia ou dor nas costas, que pode surgir ao permanecermos sentados durante períodos prolongados. O problema se torna ainda mais frequente com o uso contínuo de uma cadeira inadequada, sem suporte para os braços e apoio extra para a lombar, que preserva a curvatura correta das costas. A lombalgia pode ser leve e permanente, embora ocasionalmente se apresente na forma de queimação ou pontadas repentinas, que dificultam a realização de movimentos.

Estudos demonstram que 84% da população adulta sofre pelo menos um episódio de dor lombar na vida, e que 26,4% manifestaram uma ou mais crises nos últimos três meses. Atualmente, a lombalgia é considerada um problema de saúde pública por figurar entre as principais causas de incapacidade laboral do mundo.

Mas você sabia que nem toda dor é igual? A dor nociceptiva é o resultado de danos a um tecido do corpo que podem ocorrer quando há uma entorse de tornozelo ou contratura muscular, por exemplo. Já quando o dano ocorre em um nervo, falamos de dor neuropática, cujos sintomas envolvem dor latejante ou em pontadas, formigamento, queimação, sensação de choques e dormência.

No entanto, muitas vezes não há um limite preciso entre as dores nociceptivas e as neuropáticas. Quando há sobreposição entre dois tipos, falamos em dor mista. Um estudo de 2017 realizado em diversos serviços de pronto-atendimento em ortopedia na Espanha, com mais de 5 400 pacientes, constatou que a dor mista era a mais frequente, correspondendo a 59% das queixas.

Continua após a publicidade

Incômodos na região lombar ou cervical, que são os mais comuns nos atendimentos ortopédicos, frequentemente possuem a sobreposição de sintomas nociceptivos (inflamatórios) e neuropáticos.

De cada dez pacientes com dor mista, três apresentam o problema no pescoço, número que cresce com o uso excessivo de smartphones, tablets ou mesmo o computador em altura inadequada. Isso porque a pessoas curva o pescoço ao olhar para a tela. Veja que curioso: um estudo apontou que, ao abaixar a cabeça em um ângulo de 60 graus, a sensação do peso sobre o pescoço aumenta de 4 para até 27 quilos.

No mais, o uso prolongado de dispositivos móveis pode induzir mudanças graves na postura da coluna, causando um estresse considerável nas articulações intervertebrais e levando a alterações degenerativas, como artrose e hérnia de disco.

Continua após a publicidade

É extremamente importante conhecer os mecanismos da dor, identificá-los durante o atendimento e tratá-los adequadamente. Uma das grandes falhas no manejo da dor mista é justamente o não reconhecimento dos dois componentes. Isso leva ao tratamento incompleto, aumentando o risco de uma cronificação da dor e do sofrimento.

A melhor pessoa para identificar os sinais e orientar o tratamento correto é sempre o médico. No entanto, tão importante quanto o tratamento é a prevenção: fique atento à postura, pratique atividades físicas regularmente e evite obesidade e tabagismo.

*Yussef Ali Abdouni é mestre e doutor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de São Paulo e membro do Comitê de Dor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 9,90/mês
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.