Obesidade na gestação aumenta riscos para mãe e bebê
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço das grávidas apresenta algum distúrbio nutricional, seja por excesso ou falta de nutrientes
Considerado um dos maiores encontros internacionais da área obstétrica, o Congresso Mundial de 2023 da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), realizado em Paris (França) reuniu mais de 10 mil congressistas de 80 países para ouvir 500 palestrantes e contou com mais de 200 sessões de debates.
Além de atualizar os profissionais com novos estudos e discutir temas relevantes para a assistência materno-fetal, o encontro também traz propostas de ações globais em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e agências governamentais.
Como um dos destaques, pode-se mencionar os debates sobre os riscos associados à obesidade na gravidez tanto para a mãe quanto para o bebê.
Gestantes com obesidade têm mais risco de apresentarem diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, além do aumento da necessidade de cesárea e infecções.
Já para o bebê, o quadro materno pode elevar o risco de prematuridade, macrossomia fetal — nascimento com peso elevado —, defeitos congênitos e obesidade ou diabetes na vida adulta.
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De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre as principais causas de morte materna está a pré-eclâmpsia. A doença pode levar a complicações para a mãe e o bebê, incluindo hemorragia cerebral, insuficiência hepática, renal, problemas cardiovasculares e parto prematuro.
Por isso, é importante que as mulheres recebam orientações sobre os sintomas e tratamento dessa condição, bem como sejam monitoradas adequadamente na gravidez. Mais ainda, usando conceitos da obstetrícia de alta precisão, certas gestantes podem ser identificadas durante o pré-natal como suscetíveis ao alto risco de ocorrência de pré-eclâmpsia, mesmo antes de ter algum sinal da doença.
Medidas preventivas
Algumas intervenções e mudanças de estilo de vida podem ser propostas para diminuir a chance de da pré-eclâmpsia acontecer e, se ocorrer, que se apresente de uma forma mais amena e em uma idade gestacional mais avançada, impactando menos a saúde do feto.
É fundamental que as gestantes tenham acompanhamento nutricional adequado, visando garantir a ingestão balanceada de micro e macronutrientes.
A atenção à nutrição materna não se refere apenas à saúde da mãe, mas também à influência dessa alimentação no desenvolvimento fetal e no futuro bem-estar da criança.
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Também segundo a OMS, um terço das pacientes grávidas apresenta algum tipo de distúrbio nutricional, seja por excesso ou falta de nutrientes. Os dois cenários podem afetar a maneira como os genes do feto são expressos, com consequências que podem se manifestar ao longo de toda a vida do indivíduo.
Entramos, aqui, na seara da epigenética – área da biologia que estuda a forma como as nossas experiências de vida, desde a gestação, pode alterar o comportamento dos nossos genes.
Por exemplo, o consumo excessivo de carboidratos durante a gravidez é considerado por muitos especialistas como um dos teratógenos mais potentes, ou seja, agentes que podem causar malformações no feto.
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Este fator, aliado a outros hábitos alimentares inadequados, pode predispor a criança a obesidade, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.
Diante disso, podemos enfatizar que cada paciente é única e pode necessitar de recomendações específicas, levando em consideração seu estado de saúde, hábitos e necessidades nutricionais.
Para todas, contudo, a alimentação saudável, a prática regular de exercícios físicos e a realização de exames periódicos são essenciais para garantir uma gravidez saudável e um futuro promissor para o bebê.
*Eduardo Cordioli, diretor-técnico de obstetrícia do Grupo Santa Joana