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O estado da arte das vacinas: onde estamos e para onde devemos ir

Médica dá uma aula sobre a história dos imunizantes, os tipos de vacina disponíveis hoje e o que esperar para o futuro

Por Maria Isabel de Moraes-Pinto, infectologista*
Atualizado em 13 abr 2022, 10h39 - Publicado em 13 abr 2022, 10h38

Como as vacinas funcionam? Quais tecnologias estão por trás delas? São seguras? Hoje essas perguntas podem parecer estranhas para alguns, mas nem tanto para outros, considerando a confusão e a quantidade de fake news a respeito. Vale a pena, portanto, revisitar a história da vacinologia, entender seu estado da arte e visualizar as perspectivas para o amanhã.

Métodos de imunização já existiam na China do século 10. Registros históricos apontam para a prática da variolização, ou seja, a inalação de pó de cascas de feridas causadas pela varíola. Pode parecer bizarro, mas esse método se baseava em um conceito até hoje eficiente, a exposição ao antígeno de forma branda.

O conceito ajuda a entender o que é uma vacina. Basicamente, ela é um produto biológico desenvolvido para induzir uma resposta imune do organismo, protegendo-o de infecções quando for exposto ao agente causador da enfermidade, o patógeno. E é assim que existe um imunizante para gripe, outro para Covid-19… Cada vacina tem seu alvo!

Os tipos de vacina

Podemos classificar as vacinas em vivas atenuadas e inativadas. Elas diferem segundo o tipo de antígeno que é inoculado no organismo de modo a gerar a tal da resposta imune.

As mais antigas, criadas no final do século 18, usam o patógeno atenuado como na variolização aplicada na China. Imunizantes contra sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela e poliomielite oral (também conhecida como a vacina da gotinha) pertencem a essa categoria, que foi aperfeiçoada com o tempo.

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A partir do início do século 20, com o desenvolvimento de tecnologias e o avanço do conhecimento sobre microbiologia e imunologia, outras técnicas permitiram criar novos imunizantes. Em 1923, surgiu a vacina contra a difteria, que utiliza a toxina inativada da bactéria para estimular a produção de anticorpos. A vacina antitetânica também é desse tipo.

Nos anos 1970, despontaram novas classes de imunizantes, agora utilizando subunidades dos antígenos (como proteína purificada, proteína recombinante, polissacarídeo ou peptídeo). Elas contribuíram para o combate a gripe, coqueluche, febre tifoide, HPV, hepatite B, meningite e pneumonia.

+ LEIA TAMBÉM: O perigo de deixar de vacinar as crianças 

Mais recentemente, vírus inofensivos começaram a ser usados como vetores para carregar genes da doença que se deseja evitar. A ideia é a mesma: ensinar o sistema imune a reconhecer o inimigo de verdade. Os vírus que servem de vetor funcionam como “cavalos de Troia”, são manipulados e incapazes de provocar problemas em quem tomou a vacina.

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Alguns imunizantes contra Covid-19 se encaixam nessa categoria, assim como a vacina para o ebola.

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A tecnologia baseada em mRNA (RNA mensageiro) é a mais nova estratégia apoiada na genética para desenvolver imunizantes (e num tempo mais desejável). Exemplos formidáveis são as vacinas contra Covid-19 da Pfizer/BioNTech e da Moderna, esta ainda indisponível no Brasil.

Esse método dispensa o uso de vetores virais e utiliza sequências do RNA mensageiro do antígeno, ou seja, pedacinhos do genoma do patógeno.

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+ Leia também: Covid: como funcionam as vacinas de RNA que serão usadas nas crianças

Assim que o vírus é sequenciado geneticamente, o trecho da sequência genética capaz de gerar uma resposta imunológica é copiado e sintetizado. Na vacina, ele é envolto em uma espécie de capa de gordura (para não se desintegrar) e, ao entrar na célula humana, entrega as informações necessárias para gerar o esquema de proteção.

Não são poucas as vantagens dessa tecnologia. Entre elas, destaco a agilidade na criação do produto e o aumento da escala de produção. Muito além da prevenção de doenças infecciosas, vacinas de mRNA são estudadas há alguns anos para o tratamento de câncer, alergias e distúrbios autoimunes.

A ciência e a medicina nos trouxeram admiráveis avanços no campo da vacinologia. Pesquisas utilizando a técnica de edição de genes conhecida como CRISPR/Cas9 podem ampliar infinitamente as possibilidades do desenvolvimento de imunizantes, potencialmente mais eficazes e econômicos. Estudos têm sido feitos para vacinas veterinárias e humanas com resultados preliminares ainda tímidos, porém animadores.

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Na saúde pública

Em paralelo às pesquisas, é fundamental que as vacinas disponíveis sejam distribuídas pelos países e, principalmente, adotadas pela população.

Seu poder está mais do que atestado: a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 2 e 3 milhões de vidas são salvas a cada ano devido aos programas nacionais de imunização. A taxa de mortalidade de crianças até os 5 anos de idade, de 1990 a 2018, foi reduzida em 58%.

Contudo, temos pela frente muitas doenças que podem ser controladas ou mesmo erradicadas (a exemplo da varíola). Campanhas para fomentar a adesão da sociedade à vacinação e apoio para o desenvolvimento de novos imunizantes globalmente são questões urgentes.

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Que as recentes (e as tradicionais) tecnologias e o avanço da ciência nos tragam mais boas-novas!

* Maria Isabel de Moraes-Pinto é infectologista, professora da Unifesp e consultora de vacinas da Dasa

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