O dia do (novo) médico
Na data que celebra esses profissionais de saúde, um deles analisa para onde caminha o exercício da medicina
Neste 18 de outubro, o Dia do Médico, quero aproveitar para falar sobre o passado recente e o futuro que já começou em nossa profissão. Por passado recente me refiro ao período mais trágico que a humanidade vivenciou nas últimas décadas, a pandemia.
Felizmente, testemunhamos seus últimos momentos, mas é preciso recordar que, a partir de 2020, a sociedade presenciou incontáveis exemplos de profissionais que colocaram sua vida em risco para exercer o cuidado do outro, superando o medo, a exaustão física e mental e a distância da família.
A medicina inova constantemente desde os tempos de Hipócrates, no século 5 a.C., só que, desta vez, a urgência que a Covid-19 infligiu à população acelerou as transformações, sobretudo para conter a disseminação da doença e diminuir sua letalidade.
Na Dasa, aprendemos, por exemplo, a importância de uma rede de vigilância genômica, capaz de detectar as variantes virais que foram surgindo e representada por nossa iniciativa do Genov.
Em outra dimensão, o uso da inteligência artificial possibilitou o desenvolvimento de ferramentas para prever a gravidade da doença e plataformas digitais permitiram, em tempo recorde, a educação continuada de milhares de profissionais de saúde.
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É notável a evolução dos métodos de ventilação mecânica, utilizados em pacientes graves de Covid-19, e do suporte avançado nas UTIs dos hospitais para a manutenção da vida.
Além disso, as novas tecnologias de informação e comunicação tornaram possível e, principalmente acessível, o uso da telemedicina, modalidade de atendimento que cresceu exponencialmente e garantiu que milhares de pacientes pudessem iniciar ou continuar seu tratamento durante o período de isolamento social.
Conexões mais rápidas e estáveis, possibilitadas pela internet 5G, projetam novas ferramentas como cirurgias à distância, telemonitoramento e expansão de formas de aprendizado, caso do metaverso.
Previsivelmente, a intensa hipertecnologização da medicina é acompanhada por um debate sobre a humanização das relações médico-paciente, tornando e demandando que os profissionais sejam cada vez mais sensíveis, ouvintes e solidários. Na medicina moderna, plena de recursos tecnológicos, a humanização nunca foi tão necessária.
Ao mesmo tempo, percebemos que médicos têm buscado ocupar outros papéis e espaços na sociedade, extrapolando a clínica assistencial, procurando formações e conhecimentos além da medicina tradicional.
Felizmente, o profissional não aceita mais ser mero usuário de tecnologias e dispositivos; agora, ele participa ativamente do seu desenvolvimento, atuando em conjunto com engenheiros, programadores, cientistas de dados e outras áreas de fronteira.
Esses novos papéis, entretanto, não significam o afastamento da assistência e do consultório. Pelo contrário: ao ampliar o escopo e incorporar tecnologias, o novo médico se torna mais parceiro do usuário na jornada do cuidado. O propósito desse novo profissional é a saúde baseada em valor.
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A simplificação dos processos beneficia o paciente, que ganha autonomia e se empodera; beneficia o médico, dotando-o de ferramentas preditivas, personalizadas e inteligentes; e beneficia todo o sistema de saúde, que ganha gestão otimizada e eficiência.
Na faculdade de medicina, ouvimos sempre o conselho “nem tanto ao céu, nem tanto ao mar”, indicando a preferência pelo equilíbrio e pelo bom senso. Assim, é promissora a percepção de encontrar nos novos médicos, munidos de novos recursos tecnológicos, o principal sentido da medicina: o cuidado com o ser humano.
* Leonardo Vedolin é diretor-geral médico e de cuidados integrados da Dasa