Namorados: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

O calor melhora ou piora a dor?

Entenda como as alterações de temperatura afetam a sensação

Por Mariana Schamas, cinesiologista*
6 fev 2025, 16h30
insolacao-causa-como-lidar
Calor excessivo provoca desidratação, alterações de humor, dentre outras sensações incômodas (Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Provavelmente você já ouviu falar que o frio pode intensificar certos tipos de dor, como as articulares, tensão muscular nas costas ou até incômodos em cicatrizes antigas. Mas e o calor, será que ele também pode influenciar a percepção da dor?

O calor excessivo e a falta de estrutura para suportá-lo provocam respostas como: desidratação, alteração na pressão arterial e na circulação sanguínea, intensificação dos batimentos cardíacos, alteração de humor e de disposição.

A nossa relação com o calor e a manifestação de dor envolve fatores biopsicossociais que podem piorar ou melhorar a intensidade:

Fatores biológicos ou fisiológicos

• Desidratação diminui a lubrificação articular;
• Vasodilatação altera a pressão arterial;
• Inflamação aumenta os processos inflamatórios.

Fatores psicológicos

• Estresse climático gera mal-estar;
• Desconforto e medo afetam o sistema nervoso central;
• Piora da qualidade do sono intensifica o limiar de dor.

Fatores ambientais e sociais

• A exposição demasiada ao calor, sem recursos para aliviar a temperatura, aumenta a fadiga;
• Leva a mudanças na rotina das pessoas, que afetam o físico e o emocional;
• Diminui a prática de atividade física;
• Dificulta ter conforto e disposição.

+ Leia também: Qual é o papel da cannabis no tratamento da dor?

Estresse térmico

Estamos vivendo crises ambientais sérias em todo o mundo, devido a uma grande desorganização do ser humano. Aqui no Brasil, atravessamos ondas de calor insuportáveis que impactam seriamente a saúde.

Continua após a publicidade

Diante de instabilidades, nosso organismo conta com um sistema autorregulador. Quando a temperatura se eleva, começamos a suar para que o corpo estabilize, por exemplo. Porém, quando as temperaturas ficam muito altas por tempo prolongado, há uma dificuldade para a manutenção do equilíbrio, levando ao aparecimento de sentimentos de medo e irritação. É o que chamamos de estresse térmico.

Quando o mecanismo de autorregulação não é suficiente, manifestam-se consequências como tonturas, dor de cabeça, tensão nas costas, sede excessiva, inchaço nas pernas e pés. Os sinais provocam sensações físicas e emocionais desagradáveis. O calor intenso também pode afetar o sono e a disposição para as atividades diárias. Para algumas pessoas, a percepção da dor aumenta.

Cada indivíduo reage de forma diferente: algumas adoram o calor e detestam o frio, enquanto outras preferem o oposto. Eu sou do time que prefere o frio, já que lidar com os efeitos biopsicossociais do calor me consome muita energia.

O estresse térmico pode levar à desidratação e também a um estado completo de tensão. É preciso manter o bem-estar físico e mental em meio às altas temperaturas, de acordo com o médico Drauzio Varella.

+ Leia também: Estilo de vida saudável reduz significativamente a dor nas costas

saude-calor-verao-agua-hidratacao
Hidratação deve ser reforçada em dias extremamente quentes (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Divulgação)
Continua após a publicidade

Estudos

As pesquisas relacionadas à causa e efeito entre o clima e as dores articulares não são conclusivas, embora muitas pessoas garantam que podem prever o clima com base nessas sensações.

Acredita-se que as mudanças na pressão barométrica, comuns com a variação climática, possam desencadear desconfortos nas articulações. A menor pressão do ar ao redor do corpo permite a expansão dos músculos, dos tendões e dos tecidos cicatriciais próximos às articulações, o que pode gerar pressão e causar dor.

Condições como artrite, fibromialgia e enxaqueca são fortemente influenciadas pela temperatura. A expansão e contração dos tecidos articulares diante do frio ou calor podem intensificar a dor.

Pessoas com fibromialgia, por exemplo, costumam apresentar uma sensibilidade elevada em altas e baixas do tempo, o que amplifica o sofrimento. Já enxaquecas e dores de cabeça são frequentemente agravadas pela desidratação e mal-estar provocados pelo calor extremo.

+ Leia também: Dor de cabeça não é tudo igual: conheça diferentes tipos de cefaleia

Por outro lado, algumas condições físicas podem se beneficiar do clima mais quente, como espasmos musculares ou dores associadas à tensão, pois o calor promove relaxamento muscular e melhora a circulação.

Continua após a publicidade

Se você está sentindo um aumento do incômodo em períodos de calor, é importante manter-se hidratado, buscar ambientes frescos e adotar estratégias para minimizar os impactos.

Ronald Melzack e Patrick Wall, cientistas pioneiros no estudo da dor, concluíram que fatores como temperatura, umidade e pressão atmosférica influenciam na percepção de cada um. Temperaturas extremas podem ativar receptores sensoriais e alterar sua sensibilidade, afetando a maneira como o cérebro interpreta a dor.

As pesquisas de Melzack e Wall também nos mostram que as alterações térmicas como temperatura e umidade têm influência nos processos inflamatórios e nas respostas musculares. O frio pode levar à diminuição do fluxo sanguíneo causando rigidez muscular. No sentido contrário, o calor pode promover um aumento da circulação, relaxando os músculos.

Sabendo disso, dá para entender melhor o mecanismo da dor com o calor e, com isso, procurar ajuda especializada tanto para a prevenção quanto para os cuidados necessários.

*Mariana Schamas é cinesiologista, pós-graduada em dor crônica, professora da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora de cuidados paliativos e alívio da dor. 

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.