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Nova tecnologia melhora a vida de quem tem Parkinson

Estimulação cerebral profunda pode ampliar controle sobre a doença, melhorando o dia a dia e a autoestima de quem convive com ela

Por Henrique Ballalai Ferraz, neurologista*
7 jan 2021, 11h32
ilustração 3D do cérebro, que é afetado pelo Parkinson
Pacientes com Parkinson nem sempre respondem bem ao tratamento com remédios.  (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
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O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum entre pessoas acima de 60 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil são estimados 32 mil novos casos por ano. Embora a primeira linha de tratamento seja o uso de medicamentos, a tecnologia tem revolucionado o controle da doença, trazendo benefícios imediatos para a qualidade de vida dos pacientes.

Dentre os sintomas mais conhecidos do Parkinson estão os tremores, além da lentidão dos movimentos voluntários para realizar tarefas simples, como pentear o cabelo ou escovar os dentes. Por outro lado, ainda existem outras manifestações da doença, como rigidez muscular e instabilidade postural.

Esses sinais costumam se apresentar inicialmente de maneira unilateral, mas, com a progressão do quadro, acometem ambos os lados, limitando o paciente. Até cinco anos antes do início dos sintomas motores, algumas situações podem ser um indício de que há algo a ser investigado: é o caso de alterações do sono, perda de olfato, problemas intestinais e mudanças de humor.

Isso, porém, não significa que a pessoa desenvolverá a doença de Parkinson. O diagnóstico da condição é clínico, mas exames de imagem podem ser utilizados para auxiliar o médico.

Cerca de 20 a 30% dos pacientes podem ter efeitos adversos com os remédios prescritos, principalmente alguns anos após o uso — eles incluem movimentos involuntários, alucinações e delírios. A partir do quinto ano de tratamento medicamentoso, quase metade dos indivíduos terá flutuação motora, por exemplo.

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Mesmo com o ajuste da dosagem, os sintomas às vezes continuam atrapalhando o dia a dia. O efeito benéfico dos fármacos, por sua vez, fica cada vez mais curto — chegando a apenas duas ou três horas depois de cada dose ingerida.

Para esses casos, o tratamento com neuroestimulação pode ser a melhor alternativa. A terapia de estimulação cerebral profunda se vale de um dispositivo implantado cirurgicamente, semelhante a um marca-passo cardíaco, para fornecer estimulação precisa a áreas especificas do cérebro relacionadas aos sintomas da doença.

Estudos já comprovaram que a técnica melhora significativamente a função motora em pessoas com Parkinson, em comparação com o uso da medicação sozinha. Ela ajuda não só a reduzir as alterações motoras como até a dose de fármacos necessária.

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Com a evolução dessa terapia, nos dias de hoje já existe uma tecnologia capaz de captar sinais cerebrais do paciente, proporcionando monitoração sem precedentes de sintomas ou efeitos colaterais. Ou seja, enquanto antes precisávamos tomar decisões terapêuticas apenas com base em avaliações clínicas e informações relatadas pelo paciente ou cuidador, com uma grande lacuna de tempo entre uma consulta e outra e poucos detalhes, hoje temos acesso a dados objetivos específicos e contínuos do paciente.

Dessa forma, é possível adaptar a terapia com mais precisão às necessidades individuais. Esse conjunto de informações pode ser usado para rastrear o estado do paciente e, através de programação expandida, permite um controle mais preciso sobre a terapia, mesmo à distância.

Por fim, a neuromodulação não só melhora a qualidade de vida e a adesão ao plano terapêutico, elevando a autoestima, como ainda permite ao médico acompanhar o caso remotamente, um diferencial importante em tempos de pandemia.

* Henrique Ballalai Ferraz é professor adjunto livre-docente do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultor da Câmara Técnica de Neurologia e Neurocirurgia do Cremesp

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