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Muito além da dor física e emocional: nem toda psoríase é igual

Há um tipo mais grave e raro dessa condição que afeta a pele. Médica explica como ele se manifesta e compartilha boas novas no tratamento

Por Esther Palitot, dermatologista*
6 mar 2022, 11h38
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  • Manter as lesões de pele sob controle para evitar olhares discriminatórios, às vezes até de repulsa, e resgatar a qualidade de vida: esse é o principal objetivo das pessoas que convivem com a psoríase. E é comum os pacientes experimentarem diversas terapias até encontrar uma opção que reduza a atividade e os sintomas da doença.

    O que pouca gente sabe é que existem tipos de psoríase, e um deles, mais raro, causa muito mais do que dores físicas e emocionais. Estou falando da psoríase pustulosa generalizada (PPG).

    Desconhecida até mesmo entre médicos e pacientes, a doença atinge nove em cada milhão de brasileiros. Os avanços na pesquisa científica demonstram que, em múltiplos aspectos, a PPG é distinta da psoríase vulgar, a versão mais prevalente e caracterizada pelo aparecimento de placas vermelhas e com descamação na pele.

    Na PPG, a pele fica avermelhada e ocorre uma erupção generalizada de pequenas bolhas de pus, chamadas de pústulas. Dor e queimação são queixas frequentes.

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    Além disso, o paciente pode apresentar febre, cansaço e calafrios. É um quadro mais grave do que o da psoríase em placas e pode levar à morte se não tratada adequadamente.

    Hoje existem vários tratamentos disponíveis para a psoríase no Brasil. Há cremes e pomadas, medicamentos de uso oral e mesmo remédios biológicos injetáveis oferecidos pelo SUS.

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    Mas e para a PPG? A grande novidade, estudada nos últimos anos, é justamente uma medicação específica para essa condição.

    No final de 2021, os resultados de um estudo clínico para o tratamento da psoríase pustulosa generalizada foram publicados no prestigiado The New England Journal of Medicine, passando a representar uma esperança para os pacientes que vivem com a doença.

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    O trabalho constatou que o espesolimabe, um anticorpo monoclonal injetável, melhora significativamente os sinais e os sintomas dos pacientes durante a crise de PPG.

    Esse novo tratamento demonstrou-se eficaz e rápido no controle da doença em pacientes adultos com crises moderadas e graves. Não só reduziu a quantidade de pústulas, como permitiu que algumas pessoas recuperassem a normalidade da pele.

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    Entre os desfechos alcançados, 54% dos voluntários não apresentavam pústulas visíveis após uma semana da infusão de dose única do espesolimabe, em comparação com 6% dos que receberam o placebo.

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    É preciso ter em mente que as pessoas com PPG muitas vezes necessitam de internação hospitalar e podem ter complicações potencialmente fatais.

    Daí a importância de um tratamento efetivo e rápido. As terapias disponíveis hoje no país são adaptadas daquelas usadas na psoríase comum. Nem sempre são eficazes, costumam ter ação mais lenta e apresentam efeitos colaterais nesse outro contexto.

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    Conhecer melhor os mecanismos imunológicos envolvidos nessa doença rara tem permitido desenvolver soluções específicas como o espesolimabe e outras medicações, com um impacto significativo na vida dos pacientes: resolução mais rápida das crises, melhor controle dos sintomas, prevenção de complicações e ganho no bem-estar geral.

    Essas pesquisas nos colocam de frente para o que deve ser um divisor de águas na PPG. Em breve, os pacientes poderão contar com um tratamento capaz de resolver as lesões, aliviar a dor e devolver a qualidade de vida.

    * Esther Palitot é dermatologista, professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenadora do Centro de Pesquisa, Apoio e Tratamento de Psoríase do Estado da Paraíba

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