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Na volta das aglomerações, é preciso testar, testar e testar

Retomada das atividades presenciais precisa ser acompanha de testagem em massa contra o coronavírus, defende especialista

Por Guilherme Ambar, biólogo*
Atualizado em 19 nov 2020, 10h09 - Publicado em 10 out 2020, 09h52

O cansaço com a longa quarentena e a notícia alvissareira de que vários estados registram queda no número de mortes pela Covid-19 fizeram muita gente baixar a guarda. Mas a pandemia não terminou e é vital que o Brasil passe a fazer testes para o coronavírus em massa. Eles são essenciais para evitar a segunda onda de infecções, que já se faz presente em alguns países da Europa.

“Testar, testar, testar”… A repetida recomendação do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) não deve ser vista como retórica, mas como a única receita comprovada para salvar vidas e controlar a pandemia. Afinal, ainda não apareceram nem o remédio milagroso nem a vacina eficaz, apesar do esforço incansável de milhares de cientistas no mundo todo.

Ainda persistem dúvidas sobre o comportamento do novo coronavírus. Havia um grande temor de que o contágio fosse explosivo nas favelas brasileiras, nas quais há barracos onde três ou mais pessoas dormem na mesma cama. Embora o vírus tenha afetado com maior magnitude a população mais pobre, a infecção não se espalhou à velocidade que se temia, o que é uma boa notícia.

Apesar das melhoras nas condições de tratamento, com adoção de novos protocolos, os riscos continuam. Estados que estavam assistindo à estabilidade ou à queda no número de novos casos e mortes de repente passam a registrar um aumento, sem que se possa identificar precisamente a causa da mudança.

Diante dessa situação estranha, a luta contra uma doença ainda insuficientemente conhecida, enfrentamos agora novos cenários e problemas: praias lotadas, bares cheios de jovens exaustos da “prisão domiciliar”, abertura do comércio, relaxamento do distanciamento social. E é nesse contexto que precisamos mais do que nunca seguir o exemplo dos países que estão derrotando a epidemia, como Alemanha, China e Coreia do Sul. E não há dúvida: o caminho que eles escolheram foi testar, testar e testar.

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A ferramenta decisiva é o teste molecular, que flagra o vírus ativo, aplicado a pelo menos 10% da população. As nações que se saíram melhor até agora usaram o exame para captar amostras região por região, calcular a incidência do agente infeccioso por cidade, faixa etária ou classe social e, enfim, fotografar a real situação do país.

Esse retrato dá a geolocalização perfeita que torna possível bloquear as vias de contágio. Se a autoridade municipal, por exemplo, comprovar pela testagem em massa que determinado bairro está com alto nível de infectados, um lockdown limitado ou uma campanha de conscientização específica para essa área, que não afeta nem prejudica a economia da cidade como um todo, vai evitar que a infecção se espalhe. Em contrapartida, a testagem em massa apontará bairros, escolas e talvez cidades onde o vírus não circula mais.

Esse expediente não foi feito antes no Brasil porque faltavam testes, em decorrência da demanda mundial, e por causa da dificuldade logística em cidades pequenas e bairros distantes num país continental e com imensas desigualdades. Agora já foram desenvolvidos e estão disponíveis no Brasil kits de coleta (com swab e tubos) que permitem preservar as amostras na temperatura ambiente, sem refrigeração.

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A amostra pode ser levada sem problemas até o laboratório, muitas vezes distante milhares de quilômetros do local da coleta, permanecendo estável por até 72 horas. Os insumos para os testes já estão até mesmo sendo exportados pelo Brasil para outros países da América Latina.

A conclusão é que a testagem em massa, difícil no início da epidemia, já pode ser realizada rapidamente onde é necessária. O que falta agora é a política pública bem desenhada para permitir o controle da Covid-19, como conseguiram outros países. O resultado será contado em milhares, quem sabe dezenas de milhares de vidas que serão poupadas.

* Guilherme Ambar é biólogo e CEO da Seegene do Brasil, ramo nacional da empresa cujos testes ajudaram a Coreia do Sul a enfrentar a pandemia de Covid-19

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