Namorados: Assine Digital Completo por 5,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Linhagem materna predominante no Brasil é indígena e africana

Pesquisa recente lança luz sobre a ancestralidade brasileira

Por Ricardo di Lazzaro, geneticista*
Atualizado em 2 jun 2025, 16h38 - Publicado em 2 jun 2025, 16h00
linhagem-materna-brasil
Estudos estão revelando as origens genéticas dos brasileiros (Freepik/Reprodução)
Continua após publicidade

Ainda falta um tempo para chegarmos em dezembro e descobrir qual foi a palavra deste ano, segundo o renomado dicionário Oxford. Mas certamente ancestralidade é uma forte candidata. A reconexão com nossas origens e histórias de vida tem inspirado diversas produções de séries, filmes, músicas, festivais, entre tantas outras manifestações da criatividade humana.

E a ciência não fica para trás, sendo evidência disso o estudo produzido recentemente pela Genera que lança luz sobre as origens das nossas mães ancestrais a partir da análise do DNA de cerca de 500 mil brasileiros.

A pesquisa constatou que a linhagem materna predominante no Brasil é de origem africana e indígena, enquanto a ascendência europeia se sobressai nas linhagens paternas.

Mas, como isso é avaliado? A linhagem é determinada pela análise das informações genéticas de cada pessoa. Ao investigar o DNA mitocondrial, transmitido de mãe para filho sem recombinação genética, é possível identificar uma espécie de “diário de bordo” do código genético de cada um, os chamados haplogrupos maternos específicos, determinados pela herança genética que carregamos no sangue.

Os resultados revelam nuances sobre a distribuição da ancestralidade materna em diferentes regiões do Brasil. No Sul, observa-se a maior concentração de linhagens europeias (55%), seguidas pelas linhagens das Américas e da Ásia (26%), e pelas linhagens africanas (11%).

Continua após a publicidade

A região Sudeste exibe um equilíbrio entre linhagens de três origens principais: a Europa contribui com 35%, as Américas e a Ásia, com 31%, e a África, com 27%. No Centro-Oeste, essa distribuição equilibrada persiste, embora com uma configuração mais regionalizada: 37% das linhagens têm origem nas Américas e na Ásia, 31% na África e 27% na Europa.

Já a região Norte se distingue pela predominância de linhagens das Américas e da Ásia (51%), refletindo a presença significativa de povos originários. As linhagens africanas e europeias representam 26% e 18%, respectivamente. O Nordeste, por sua vez, caracteriza-se pela maior proporção de descendentes de linhagem africana (40%), seguido pelas linhagens das Américas e da Ásia (35%) e pelas linhagens europeias (21%).

Apesar das variações regionais na linhagem materna, a pesquisa da Genera aponta para uma constância na ancestralidade paterna em todo o país, na qual prevalece a origem europeia. Na linhagem paterna do brasileiro, observa-se uma concentração superior a 80% de linhagens comuns na Europa. Em seguida, encontram-se cerca de 15% de linhagens comuns na África e 3% nas Américas e Ásia.

Continua após a publicidade

+Leia também: Maior estudo sobre genética no Brasil revela 8 milhões de variantes inéditas

Essa predominância europeia pode ser atribuída, principalmente, aos fluxos migratórios e às características da cultura patriarcal, especialmente a partir da colonização do país.

Trata-se de dados que auxiliam também em estudos populacionais e identificação de características genéticas para cruzamento de informações em prevenção de saúde, sobretudo quando olhamos para quais doenças hereditárias são mais comuns a cada linhagem específica.

No poema “Recordar é preciso”, Conceição Evaristo ecoa o poder da memória na superação de apagamentos históricos e valorização das nossas antepassadas. E os testes genéticos são ferramentas poderosas para desvendar a nossa ancestralidade, permitindo que cada indivíduo se conecte com suas raízes e resgate a jornada de quem veio de longe.

Continua após a publicidade

No mês das mães, revisitar a história da formação da nossa sociedade é também celebrar a herança indígena e africana em nossas veias, reconhecer a importância das mulheres na construção da identidade brasileira e honrar a história de vida das mães que nos antecederam.

Como orienta o imortal da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak, o futuro é ancestral e conhecer nossas raízes nos leva a um futuro no qual possamos nos estar mais preparados para a prevenção de doenças e onde a contribuição de cada pessoa, independentemente de sua origem, seja reconhecida e valorizada.

*Ricardo di Lazzaro é geneticista e cofundador da Genera, da Dasa.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 65% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.