Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Exames laboratoriais demais e avaliações clínicas de menos

Pediatra critica prescrição de exames sem uma avaliação clínica pormenorizada, o que virou tendência e pode oferecer riscos, em especial às crianças

Por Magda Carneiro-Sampaio, pediatra*
Atualizado em 10 abr 2023, 16h39 - Publicado em 21 jul 2022, 12h13

Nas últimas décadas, houve avanços extraordinários no campo das análises laboratoriais e de imagem, que se tornam meios cada vez mais eficazes e precisas para diagnósticos e tratamentos adequados. Contudo, a lógica da investigação médica continua a mesma: a solicitação dos exames deve ser orientada a partir dos dados da história clínica trazidos pelo paciente ou família e das observações durante o exame físico. A partir disso, formulam-se hipóteses diagnósticas e exames complementares, bem selecionados, servirão para confirmar ou afastá-las e avaliar a extensão e a gravidade da doença.  

Entretanto, ocorre em nossos dias uma inversão desta ordem. Uma lista de exames é solicitada antes de se obterem os dados clínicos. Além dos custos financeiros, exames têm riscos especialmente para crianças. 

A coleta de sangue, sobretudo se repetida, pode causar anemia em crianças pequenas, por exemplo. Existe um movimento de quase dez anos no Instituto da Criança e do Adolescente do HCFMUSP para as coletas terem os menores volumes possíveis. Não custa lembrar que as crianças têm volume de sangue proporcional ao seu peso. Um bebê de 5 quilos carrega cerca de 400 mililitros de sangue.

Exames radiológicos também implicam em riscos decorrentes da exposição às radiações ionizantes usadas nas radiografias convencionais e nas tomografias computadorizadas.

Compartilhe essa matéria via:

Na ressonância magnética não se há essa radiação, mas, por ser prolongada e desconfortável, exige sedação e não raramente anestesia, procedimento também com riscos. E não se pode esquecer do sofrimento emocional que essas experiências trazem à criança.

A ultrassonografia, por sua vez, é isenta de riscos e surge como a melhor opção em pediatria.  Nessa especialidade médica, aliás, não há lugar para as listas pré-estabelecidas de análises de rotina. O check-up da criança, desde o nascimento, é representado pelas consultas pediátricas periódicas para avaliação do crescimento físico, desenvolvimento neuropsicossocial e saúde geral. 

É preciso compreender que um médico não demonstra sua competência ao solicitar muitos exames, e sim ao indagar os detalhes da doença, os hábitos de vida e os antecedentes pessoais e familiares e ao examinar bem seu paciente, mesmo que a criança não goste.

+Leia também: Albendazol: para que serve, como tomar e quais os efeitos colaterais?

Continua após a publicidade

Somente depois de um juízo sobre a condição a partir dos dados clínicos, poderão (ou não) ser solicitados exames complementares. Infelizmente o que é chamado de complementar, hoje está se tornando o principal sem um racional que justifique isso. 

*Magda Carneiro-Sampaio, Professora Titular de Pediatria Clínica da FMUSP, Presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança e do Adolescente do HCFMUSP e editora coleção de Livros sobre Pediatria, publicados pela Editora Manole (clique para comprar)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.