Estamos preparados para envelhecer?
Integrante do Velhices Cidadãs reflete sobre o envelhecimento enquanto demanda que transcende o aspecto individual e diz respeito à coletividade
Já se perguntou se você está pronto para envelhecer? Essa questão nos faz pensar no próprio envelhecimento, mas também no envelhecimento de uma sociedade e de um país. O que nos faz refletir sobre diferentes aspectos relacionados ao avanço dos anos: nossa história de vida, nossas escolhas, nossos planos, nossos direitos, nosso acesso aos serviços, e tantas outras experiências que marcam o dia a dia.
Quando pensamos se estamos preparados para envelhecer, podemos nos perguntar: o que é necessário para isso? Bastam mudanças no âmbito individual? Quais atores devemos envolver nesse debate? Que políticas públicas nos ajudam a envelhecer bem? E, principalmente, podemos nos questionar: basta viver mais?
Ora, queremos viver mais, mas com qualidade de vida, dignidade e direitos garantidos.
Sabemos que envelhecer é um processo extremamente heterogêneo, com diferentes dinâmicas e nuances. É influenciado por diversos fatores, que nos moldam desde as primeiras fases da vida, os chamados determinantes sociais.
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Hoje o tema do envelhecimento ganha mais espaço nas mídias e até mesmo nas políticas públicas, mas ainda precisamos avançar muito para propiciar qualidade de vida às pessoas idosas e respeitar seus direitos.
O Brasil é um país que tem um ritmo de envelhecimento bastante acelerado e possui muitas diferenças entre as suas regiões, estados e municípios, o que impõe desafios à gestão pública e respostas assertivas às necessidades de atenção, cuidado e proteção dos cidadãos mais velhos. Entre os desafios nesse contexto, a saúde é um dos principais.
No país, 75% da população idosa é dependente do SUS, mostrando, dessa forma, sua importância e, ao mesmo tempo, quanto precisamos incluir o envelhecimento dentro de uma pauta técnica nos programas públicos.
Ainda mais porque, com ele, há uma mudança no perfil demográfico e epidemiológico, com maior prevalência de doenças crônicas que, se não forem prevenidas, detectadas e tratadas adequadamente, acarretam o declínio funcional e prejuízos ao bem-estar dos idosos.
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O investimento na educação continuada dos profissionais de saúde sobre as especificidades do envelhecer, na informação dirigida aos idosos e à sociedade em geral, na criação de serviços de cuidados intermediários e no desenvolvimento de ações intersetoriais integradas é essencial para criarmos um ambiente mais acolhedor, que reconheça as potencialidades, os saberes e as contribuições da população com mais de 60 anos.
Já não há mais tempo nem espaço para discriminação, estigma e preconceito contra o idoso. Precisamos nos preparar para construir uma sociedade preparada para envelhecer.
* Maria Cristina C. L. Hoffmann é psicóloga sanitarista, especialista em saúde coletiva e membro do coletivo Velhices Cidadãs