Relâmpago: Assine Digital Completo por 3,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Enxaqueca e sono: dormir mal é um gatilho e uma consequência da doença

Para sair desse ciclo de retroalimentação, é preciso tratar de verdade a enxaqueca e abandonar os medicamentos de crise, que podem piorar o quadro

Por Tiago de Paula, neurologista*
30 abr 2025, 17h11
enxaqueca-e-sono
As relações entre as noites de sono e as crises de enxaqueca são claras  (Freepik/Reprodução)
Continua após publicidade

O sono insuficiente é, muitas vezes, apontado como um gatilho para a dor de cabeça, mas também pode ser uma consequência dela. Um estudo recente da International Headache Society mostrou essa relação bilateral.

O artigo mostra o que os pacientes sentem na prática: quando dormem mal, têm mais dor de cabeça; mas a perturbação no descanso também é um sintoma da própria doença.

O estudo investigou se a escassez de sono perturba mais o processamento de sinais nociceptivos (neurônios que detectam estímulos nocivos e transmitem informações de dor ao sistema nervoso central). As medições foram realizadas com estimulação elétrica de alta densidade e indicadores de intensidade da dor, após duas noites de sono normal e depois de duas noites dormindo apenas quatro horas.

Pessoas com enxaqueca também têm qualidade de sono reduzida, mais sonolência diurna e distúrbios de sono mais graves em comparação com indivíduos sem dor de cabeça, enquanto a insônia está associada a um risco aumentado de desenvolver enxaqueca.

+Leia também: Sono fragmentado aumenta risco de crises de enxaqueca, diz estudo

A enxaqueca pode ser caracterizada por aumento geral da responsividade a estímulos sensoriais e alteração da excitabilidade de algumas regiões do cérebro.

Continua após a publicidade

Os mecanismos não são totalmente compreendidos, mas podem envolver fatores pró-inflamatórios que afetam diretamente os nociceptores e transmissão aumentada da dor no nível espinhal.

Como resultado, o estudo mostrou que dormir pouco pode alterar ligeiramente o funcionamento do cérebro em pessoas com enxaqueca.

Outro achado do estudo mostra instabilidade nas sinapses (conexões entre neurônios que permitem a transmissão de impulsos nervosos) nas redes de processamento da dor após a restrição do sono em indivíduos com enxaqueca. Isso vem ao encontro de trabalhos recentes que mostram a importância da disfunção sináptica no desenvolvimento da doença.

Continua após a publicidade

Para sair desse ciclo, é preciso tratar a enxaqueca e abandonar os medicamentos de crise, que podem piorar o quadro.

Os medicamentos monoclonais anti-CGRP foram os primeiros medicamentos desenvolvidos, do início ao fim, para enxaqueca. Eles bloqueiam o efeito de uma molécula que contribui para a inflamação e transmissão de dor e está presente em maiores níveis em pacientes com enxaqueca.

A combinação desses medicamentos com a toxina botulínica tem se mostrado ainda mais eficaz. O botox é aplicado em pontos específicos para reduzir a sensibilidade do cérebro à dor, ajudando no controle da enxaqueca.

Continua após a publicidade

Importante ressaltar que a enxaqueca crônica não tem cura, mas tem controle. A avaliação individual é essencial para recomendação do plano de tratamento mais adequado para cada caso.

O médico também poderá auxiliar na identificação de gatilhos e fatores que cronificam a doença, o que é fundamental para o controle das crises.

*Tiago de Paula é neurologista, especialista em cefaleia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do corpo clínico do Headache Center Brasil, em São Paulo (SP)

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.