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Dor, artrose, fratura… Doenças reumatológicas limitam a vida da mulher

Problemas que atingem os ossos e as articulações costumam ser mais frequentes entre as mulheres. Médica traz um panorama a respeito

Por Vera Szejnfeld, reumatologista*
Atualizado em 25 abr 2023, 11h32 - Publicado em 26 mar 2022, 12h12
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  • Dizia o folclorista cearense Leonardo Mota que “depois dos 40 anos, ninguém dispensa o ‘ai’ ao levantar-se, nem o ‘ui’ ao sentar-se”. Mas essas queixas, aparentemente triviais, não devem ser banalizadas, pois podem espelhar uma série de doenças reumáticas que afetam o dia a dia das mulheres.

    Os problemas reumatológicos chegaram a ser considerados raros nas décadas passadas e, hoje, são reconhecidamente uma das causas mais importantes de adoecimento e perda da qualidade de vida na população adulta.

    O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) estima que aproximadamente 25% dos americanos tenham doenças dessa natureza – a osteoartrite (artrose) é a mais comum, seguida de gota e fibromialgia.

    As condições autoimunes, como a artrite reumatoide, são menos frequentes, mas, ainda assim, acometem até 1% de toda a população.

    Mais prevalente e um tanto quanto preocupante é a osteoporose. Calcula-se que uma em cada quatro mulheres com mais de 40 anos sofrerá uma fratura óssea (fêmur, antebraço, coluna…) em razão da doença – e um em cada seis homens apresentará uma fratura à medida que envelhece.

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    Interessantemente, apesar de essas doenças afetarem ambos os sexos, as pesquisas demonstram que as mulheres, de um modo geral, são as mais comprometidas. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), os problemas reumatológicos fazem parte da vida de 6% da nossa população. Deste número, o público feminino corresponde a 60% dos casos.

    Há, no entanto, algumas doenças com incidência bem superior no sexo feminino e que exigem um diagnóstico diferencial. É importante conhecê-las uma vez que seus sintomas são sobreponíveis e geram confusão.

    Uma delas é a fibromialgia, abordada recentemente neste espaço de VEJA SAÚDE. É uma síndrome que se caracteriza por dor muscular generalizada e crônica, dor à palpação da musculatura, alterações do sono, cansaço e problemas com o humor, concentração e a memória. Atinge entre 2 e 3% dos brasileiros, sobretudo mulheres entre 30 e 55 anos.

    Outra é a osteoartrite, também conhecida como artrose e caracterizada pelo desgaste da cartilagem das articulações e alterações ósseas, caso dos “bicos de papagaio”. Pode atingir mãos, joelhos, quadris, coluna cervical e lombar. A osteoartrite de joelho, uma das mais comuns, afeta duas vezes mais mulheres, com pico aos 50 anos de idade.

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    + Leia também: Violência contra a mulher: sofrimento silencioso

    E tem a já citada osteoporose, marcada por perda e enfraquecimento ósseo e maior risco de fraturas. É um problema de saúde pública: 10 milhões de brasileiros convivem com ele e a maioria ignora esse fato, já que é uma doença silenciosa e traiçoeira.

    Quando ocorrem as primeiras fraturas, já houve perda de 30 a 40% da massa óssea e os recursos terapêuticos são mais limitados. Pesquisas apontam que, a partir dos 50 anos, 30% das mulheres irão apresentar uma fratura por osteoporose durante a vida.

    Todas essas condições estão no dia a dia do reumatologista, mas podíamos nos lembrar de muitas outras, como artrite reumatoide, tendinite, bursite e a lombalgia aguda ou crônica, esta presente em 90% da população em algum momento da vida. Quem na vida não teve pelo menos uma vez dor nas costas?

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    E qual o impacto das doenças reumáticas na vida das mulheres, muitas vezes submetidas à chamada dupla jornada de trabalho? De um modo geral, elas comprometem o estado físico e trazem consequências emocionais graves, gerando inclusive reflexos sociais e econômicos.

    Falamos de condições que, progressivamente, impedem as pacientes de se locomover, se vestir e desempenhar suas atividades rotineiras. Daí a importância do acompanhamento médico e de um plano de tratamento.

    Voltando ao início deste texto, podemos dizer com confiança que, nos dias de hoje, os “ais” e “uis” podem ser mais precocemente diagnosticados e tratados com o avanço da medicina e da tecnologia.

    É uma notícia e tanto, se pensarmos que, com esses recursos, diminuímos o sofrimento e melhoramos a qualidade de vida de muitas mulheres.

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    * Vera Szejnfeld é professora adjunta da Disciplina de Reumatologia da Unifesp e membro da Comissão Científica da Sociedade Paulista de Reumatologia

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