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Doença milenar, psoríase não é só questão de pele

Médico explica impactos sistêmicos da doença e importância de levar o tratamento a sério

Por Gleison Duarte, dermatologista*
Atualizado em 7 ago 2023, 12h09 - Publicado em 7 ago 2023, 12h07
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Lesões na pele podem abrir caminho a problemas psicológicos entre quem tem psoríase.  (Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)
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A psoríase é uma doença milenar. Foi descrita há mais de 2 mil anos, e, no passado, chegou a ser confundida com hanseníase. No século XIX, já estava bem descrita nos livros de medicina, mas até hoje é pouco conhecida e cercada de mitos.

A doença é caracterizada por placas vermelhas na pele, descamativas, com ou sem coceira, em regiões variáveis: aparecem mais no couro cabeludo, cotovelos, joelhos, mas podem ocorrer em palmas e plantas dos pés e mãos, entre outras.

Além disso, a psoríase acomete frequentemente unhas, em até metade dos pacientes, de formas diversas, e, não raro, é confundida com micose. E, em até um terço dos casos, também afeta articulações, incluindo coluna.

+ Leia também: Muito além da dor física e emocional: nem toda psoríase é igual

Ainda negligenciada por muitos portadores, que acham que ela é uma doença meramente estética, a psoríase pode ser uma verdadeira ponta do iceberg, principalmente nas formas mais extensas.

Nesse cenário, a inflamação extravasa os limites da pele e acaba afetando vasos e praticamente todos os órgãos.

Para ter ideia, nos últimos anos, vem sendo dada atenção especial ao risco elevado de diabetes, hipertensão, infarto, obesidade, impotência sexual e inflamações em olhos ou intestino nos portadores da doença.

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Novo jeito de pensar na psoríase

A psoríase outrora parecia ser uma mera doença de pele.

Contudo, esses achados sistêmicos, somados ao forte impacto na qualidade de vida e estigma sofrido pelos pacientes, fazem com que a doença seja uma das que mais afetam cumulativamente o percurso da vida dos portadores.

O novo conceito reflete as comorbidades físicas, psíquicas, como elevada frequência de tabagismo e consumo de álcool, além do atraso no tratamento e técnicas inadequadas de enfrentamento da doença.

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+ Leia também: O que é conviver com a psoríase desde os 12 anos

Além disso,procura abordar individualmente em cada paciente o quanto a doença lhe priva de atingir seu pleno potencial de viver socialmente, no trabalho ou afetivamente.

Tal zelo pode ser crucial e evitar até mesmo ideias suicidas, descritas como mais frequentes em portadores de psoríase.

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Diversos tratamentos

Felizmente, temos opções diversas de tratamentos para psoríase em formas moderadas e graves.

Elas vão de medicações orais e fototerapia (“banhos” de radiação UVB em cabine, em acompanhamento com dermatologista) aos imunobiológicos, proteínas fabricadas com engenharia genética que agem nos alvos imunes responsáveis pela doença.

Apesar do custo elevado, essas terapias já estão disponíveis no SUS e nos planos de saúde, e ganharam notoriedade após celebridades, como o cantor Xandy, Kim Kardashian e outros revelarem seus tratamentos nas redes sociais.

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*Gleison Duarte, dermatologista, doutor em ciências pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), filiado à Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)

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