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Desvendando a epilepsia

No Purple Day, o Dia Mundial de Conscientização sobre Epilepsia, uma especialista revisita os tipos de crises que essa doença pode provocar

Por Leticia Sampaio, neurologista infantil*
26 mar 2024, 14h50
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A epilepsia afeta o funcionamento de partes do cérebro. (Ilustração: Veja Saúde/Reprodução)
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Faz 27 anos que estudo e atendo diariamente pacientes com epilepsia. E posso dizer que, até os dias atuais, essa doença ainda está rodeada de estigmas e preconceitos. Só que a epilepsia não é uma doença única.

Então hoje, no Dia Mundial de Conscientização sobre Epilepsia, vamos conversar sobre “essas epilepsias”, que existem em diferentes formas e por diferentes causas. Elas, por exemplo, podem acometer todas as idades, desde um bebê nos primeiros dias de vida, até os idosos.

A principal e a primeira manifestação das epilepsias são as crises epilépticas, que se caracterizam por mudança repentina do comportamento, chamando a atenção de quem está perto. Sim, o termo correto é crise epiléptica, não convulsão, porque a tal convulsão é só um tipo de crise.

Explico: uma crise epiléptica, em si, ocorre por uma alteração na transmissão das redes de neurônios cerebrais. É um curto-circuito temporário, e depois a rede volta a funcionar adequadamente.

Esse curto pode se originar em diferentes regiões do cérebro, que chamamos de lobos (temos o lobo frontal, o parietal, o temporal e o occipital). Ou a alteração ocorre no cérebro como um todo.

Durante uma crise epiléptica focal (que surge em uma região específica do cérebro), você vai observar, por exemplo, a pessoa ficar com o olhar parado, fixo, como se estivesse desconectada do ambiente. Às vezes, os olhos se desviam para um lado, e o paciente faz movimentos repetitivos como mastigar e mexer um braço de forma ritmada.

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Você tenta se comunicar, mas parece que a pessoa não escuta (ou escuta, mas não consegue se comunicar). Isso dura em torno de um a três minutos. Logo depois, ela retoma a consciência por completo como se nada tivesse acontecido, ou pode ficar um pouco confusa.

+Leia também: Maior estudo genético sobre epilepsia encontra mutações predisponentes

Aí temos as crises epilépticas generalizadas (que afetam o cérebro todo). Na crise de ausência da infância, por exemplo, as crianças se desconectam por entre 10 e 20 segundos. São crises rápidas e que costumam ocorrer várias vezes ao dia – uma amiguinha disse uma vez que parecia que sua colega estava “brisando”.

Outro tipo de crise generalizada é a que chamamos de mioclônica. São abalos musculares rápidos – se estiver segurando algo, a pessoa deixa cair. Essa crise pode acontecer em uma forma de epilepsia que se inicia na adolescência. São percebidas geralmente pela manhã, quando a pessoa vai tomar o café e arremessa a xícara longe.

A famosa convulsão é outra crise generalizada. A pessoa perde a consciência, cai, faz movimentos involuntários, endurece o corpo, apresenta salivação importante e não consegue deglutir. Ela pode liberar urina ou fezes.

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É a crise epiléptica mais forte, que chamamos de crise tônico-clônica generalizada. Depois de um episódio desses, o paciente fica sonolento e cansado.

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Mas atenção: ter uma única crise epiléptica não quer dizer que a pessoa tem epilepsia. Para diagnosticar a doença, é necessário que ela apresente duas crises, com um intervalo mínimo de 24 horas entre elas.

Alguns exames complementares, como o eletroencefalograma e testes genéticos, ajudam-nos a determinar a causa da epilepsia. Ela pode ser:

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  • Estrutural (malformações do cérebro e tumores, por exemplo)
  • Metabólica (doenças que alteram o metabolismo, enfermidades genéticas, infecções…)
  • Sem causa conhecida

O pilar do tratamento da epilepsia são os fármacos anticrises. Para algumas pessoas, a dieta cetogênica pode ser indicada. Em outras, há necessidade de cirurgias.

É importante que cada pessoa com epilepsia aprenda mais sobre sua condição. O conhecimento ajuda a reduzir o medo e a ansiedade, além de favorecer decisões informadas sobre o cuidado.

*Leticia Sampaio, médica assistente em neurologia infantil no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e tesoureira da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil.

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