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“Como as doações de sangue salvaram a minha vida”

Sobrevivente de uma meningite grave, empresário usa sua história para conscientizar os brasileiros sobre a importância da doação de sangue

Por Pedro Pimenta, economista e embaixador da causa*
24 mar 2022, 10h52
meningite bacteriana
Pandemia derrubou estoques de sangue em hospitais. Mobilização da população continua urgente. (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Todo fim e início de ano, no período das férias, vejo notícias sobre o estoque baixo dos hemocentros pelo Brasil, e, infelizmente, este ano não foi diferente. Tudo ficou ainda mais difícil com a pandemia, quando as doações de sangue despencaram de vez.

Para você entender quão vital é ter um estoque de sangue equilibrado e disponível, preciso contar a minha história. Sou Pedro Pimenta, 30 anos, o mais novo de três irmãos, economista, empresário e embaixador da campanha de doação de sangue da Abbott, empresa global de cuidados para a saúde.

Em 2009, vivia totalmente focado nos estudos para passar em uma boa faculdade de engenharia, fazendo esportes e torcendo pelo Cruzeiro, meu time do coração.

Estava tão sobrecarregado que meu corpo deu sinais de cansaço, mas eu não esperava que, em setembro daquele mesmo ano, passaria pela experiência que mudou o rumo da minha vida.

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Logo após o almoço de uma sexta-feira, passei muito mal e fui levado ao hospital já desacordado, direto para a UTI em coma. Lá, fui diagnosticado com um tipo fatal de meningite, a meningocócica bacteriana, que tem um prognóstico de menos de 1% de chance de sobrevivência. Sim, estava fadado à morte.

A complicação da doença é implacável: a bactéria entra na corrente sanguínea, provocando uma infecção generalizada. Como forma de defesa e autoproteção, o organismo concentra todo o sangue na região dos órgãos. Isso limitou o envio aos meus braços e pernas, que acabaram gangrenando.

O próximo passo seria, então, amputar meus membros acima do joelho e do cotovelo – e, mais uma vez, os médicos avisaram que eu tinha menos de 1% de chance de sobreviver. Foi a segunda vez em menos de dez dias.

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Para uma cirurgia tão extensa, o hospital precisava ter um estoque considerável de sangue a fim de atender aos cirurgiões durante o procedimento. Daí entraram em cena minha família e os amigos. Eles organizaram uma campanha de doação de sangue que bateu o recorde do hospital, e ajudou a mim e a outros pacientes.

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Essa campanha foi fundamental para a minha sobrevivência. Depois do procedimento e de mais de 20 dias em coma induzido, fiquei surpreso com a comoção das pessoas.

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E a surpresa foi maior ainda quando fizemos o cálculo da quantidade de transfusões que recebi: foram 3,5 vezes do meu volume corporal na época.

Estou aqui, graças ao sangue dessas pessoas.

Por isso, toda a corrente do bem que recebi me inspira a transformar essa e outras jornadas semelhantes. Hoje, estou dedicado a compartilhar minha vivência na clínica para amputados que criei, em palestras que ministro pelo país, além de participar de campanhas de doações de sangue, como a da Abbott, da qual sou embaixador.

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A minha história mostra o perfil do brasileiro, que, em sua grande maioria, doa sangue pontualmente, seja por comoção pública, seja para ajudar um parente e conhecido.

Muitos ainda têm medo ou se sentem desconfortáveis, mas acredito que as campanhas de conscientização podem mudar essa realidade e mostrar que o benefício da doação de sangue é muito maior – é o benefício da vida do outro.

* Pedro Pimenta é economista, empresário e embaixador da campanha de doação de sangue da Abbott

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