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Alopecia areata, um tipo de calvície, pode ser uma reação pós-Covid?

Essa forma de queda capilar está ligada a fatores ambientais, como vírus e estresse. Estudo recente mostra um número crescente de relatos na pandemia

Por Danilo S. Talarico, tricologista*
21 jan 2024, 07h37
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A associação entre Covid-19 e perda de cabelo ganha mais um elemento. (Foto: Veja Saúde/Veja Saúde)
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Já temos conhecimento que a Covid-19 está relacionada a diversas sequelas no organismo, dentre elas a queda de cabelo pós-infecção. Mas a doença sempre foi associada ao eflúvio telógeno, uma queda intensa dos fios e que se resolve sozinha.

No entanto, um estudo recente relacionou a Covid-19 também à alopecia areata, um tipo de queda de cabelo autoimune que provoca falhas circulares na região do cabelo.

Nessa doença, a extensão da perda de fios pode variar. Geralmente, ela se restringe a pequenas áreas, mas pode, em alguns casos, afetar todo o couro cabeludo e até outras regiões do corpo.

A condição não é contagiosa e traz muito trauma principalmente para as mulheres. Os pacientes precisam ser tratados com carinho e respeito.

O estudo sul-coreano descobriu que a incidência dessa forma autoimune de queda capilar foi 82% maior para indivíduos que tiveram infecção por Covid-19, em comparação com os que não ficaram doentes.

+Leia também: Cuidados com o cabelo crespo desde cedo

A maior incidência foi observada nas pessoas com mais de 20 anos, tanto em mulheres quanto em homens. O estudo foi publicado no JAMA Dermatology no começo de janeiro.

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Essas descobertas apoiam o possível papel da Covid-19 na ocorrência e exacerbação de alopecia areata, embora outros fatores ambientais, como estresse psicológico, também possam ter contribuído para o desenvolvimento do problema durante a pandemia.

Mas como é explicada essa relação? Os cientistas suspeitam de uma ativação dos anticorpos e do aumento das citocinas, que são espécies de mensageiros pró-inflamatórios.

No primeiro caso, qualquer coisa que estimule o sistema imunológico pode desencadear outros problemas – e a alopecia areata, em particular, decorre de uma forte reação imunológica. 

O sistema imunológico é uma rede de ‘espiões secretos’ constantemente ‘à caça’ de infiltrados. Às vezes, simplesmente tem o alvo errado – neste caso, células-tronco capilares em vez de células virais – o que é conhecido como mimetismo molecular antigênico.

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Outra explicação é que a infecção pelo Sars-CoV-2 leva a um “enorme influxo de citocinas”, que afetariam o couro cabeludo. 

+Leia também: Alopecia e autoestima: a coragem de abraçar a diferença

Alternativamente, pode ser que as células-tronco capilares estejam muito próximas das células infectadas ou das ‘células auxiliares’ que tentam limpar as células infectadas e sejam inadvertidamente atacadas, o que é conhecido como ativação por espectador.

O universo da pesquisa incluiu 259 369 pacientes com Covid e outros 259 369 indivíduos sem a infecção. Durante o período do estudo, a incidência e prevalência de alopecia areata em pacientes infectados por Covid-19 foram consideravelmente maiores do que no período pré-pandêmico na Coreia, onde a incidência e prevalência dessa doença permaneceram constantes de 2006 a 2015.

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Tratamentos

Em casos de alopecia areata, a perda de cabelo pode não ser permanente, porque os folículos pilosos não são destruídos, mas sim colocados em um estado de repouso.

Sendo assim, o ideal é procurar um médico ao notar o problema. O cabelo pode voltar a crescer com ajuda de diversos tratamentos médicos disponíveis. 

Entre eles, estão: os medicamentos biológicos, tópicos, suplementos orais (antioxidantes e anti-inflamatórios), laser de baixa intensidade (LED para uso domiciliar) e até mesmo intervenções no estilo de vida com o objetivo de controlar o estresse.

*Daniel S. Talarico é médico graduado há 15 anos pela PUC-Campinas e professor do Instituto Lapidare e da Faculdade Primum (Antigo Instituto BWS) nos cursos de Dermatologia, Tricologia, Transplante Capilar (Cirurgia Capilar) e Medicina Estética. 

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