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Minoxidil oral contra calvície: os benefícios e os riscos envolvidos

A versão em comprimido tem suas vantagens para quem sofre com a queda de cabelo. Por outro lado, pode disparar reações adversas (em especial no coração)

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 14 set 2022, 16h47 - Publicado em 14 set 2022, 16h45

O minoxidil é um medicamento prescrito recorrentemente contra a queda de cabelo – seu uso mais frequente é na versão tópica (uma aplicação direta no couro cabeludo, via uma loção, por exemplo). Mas vira e mexe uma polêmica sobre o uso do medicamento na forma oral para calvície ressurge. Isso porque o minoxidil é um anti-hipertensivo potente, que poderia trazer efeitos colaterais nesse formato, que vão de arritmias a inflamações no coração.

Conheça esse debate e os prós e contras de usar medicamento para a alopecia.

Por que um remédio para pressão é usado contra calvície?

Esse medicamento, antigo e barato, é indicado para quem sofre de hipertensão grave. Só que lá pelo fim dos anos 1970, um efeito colateral foi observado: o aumento de pelos no corpo. Assim surgiu uma versão tópica do remédio voltada para a calvície.

Essa loção é largamente usada pelo mundo. Mas, como nem todo paciente enxerga bons resultados com a estratégia, alguns médicos começaram a optar pelo minoxidil em comprimido mesmo frente à queda de cabelo. Nesse caso, no entanto, prescrito em baixíssimas doses.

Enquanto a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) defende o uso do fármaco na sua versão oral, desde que com cuidados, médicos da Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTri) preferem não prescrevê-lo nesse formato em nenhuma circustância.

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Ambas as entidades, contudo, concordam em um ponto: o maior risco é utilizá-lo sem acompanhamento médico. O ideal seria passar por um cardiologista antes de iniciar o tratamento, mas nem todo profissional faz esse encaminhamento.

+ Leia também: Qual o melhor horário para tomar medicamento contra a pressão alta?

Quais são os efeitos colaterais?

O minoxidil favorece a dilatação dos vasos sanguíneos. Esse processo ocorre inclusive na pele e no couro cabeludo, o que abre espaço para que os fios brotem. O primeiro incômodo disso é a hipertricose: o crescimento de pelos exagerados pelo corpo todo.

“O uso tópico faz os vasos dilatarem só na cabeça, mas o medicamento oral estende isso ao corpo inteiro, principalmente às artérias relacionadas ao coração”, pontua Luciano Barsanti, presidente da SBTri. “Por isso a nossa preocupação com o seu uso”, completa.

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As reações adversas mais sérias desse medicamento incluem a taquicardia, um tipo de arritmia, e a pericardite, uma inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração e as raízes dos vasos. O produto ainda pode afetar o resultado de exames de eletrocardiograma e mudar a cor do cabelo.

Mas é importante destacar que esses efeitos estão descritos na bula do remédio em doses utilizadas contra a hipertensão resistente, aquela de difícil tratamento. Os dermatologistas, por outro lado, tendem a trabalhar com doses muito menores.

Conclusão: ainda se sabe pouco sobre os efeitos colaterais nesse contexto. Um estudo publicado no Journal of the American Academy of Dermatology observou pouco mais de mil homens e mulheres que usaram esse medicamento em baixas doses. A partir daí, os pesquisadores listaram as principais reações adversas e concluíram que nenhuma envolve risco de morte. São elas:

  • hipertricose (15,1%)
  • tontura (1,7%)
  • retenção de líquidos (1,3%)
  • taquicardia (0,9%)
  • dor de cabeça (0,4%)
  • edema periorbital (inchaço nos olhos) (0,3%)
  • insônia (0,2%)

Quanto é a dose baixa e quem pode tomar?

Isso só um médico deve responder. É preciso avaliar o sexo, o peso, a idade e outras características antes de definir como será a prescrição do minoxidil. O tipo de queda de cabelo também interfere.

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“A fórmula tem de ser definida pelo médico, de forma personalizada. Não é algo que dá para indicar ao amigo”, alerta Alessandra Anzai, assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD. Sim, é uma prática recorrente partir para as farmácias de manipulação, que devem ser confiáveis.

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Não tem como, então, definir uma concentração ideal para todo mundo. Uma revisão de estudos tentou fazer isso, mas se deparou com levantamentos que indicam de 1,5 a 5 mg. Ou seja, a dose variou demais.

Em nota, a SBD diz que é preciso avaliar o caso de alopecia antes de prescrever o remédio: “Seu uso criterioso, isolado ou associado a outras abordagens, ocorre por indicação médica. Avaliação clínica e cardiológica do paciente podem ser necessárias previamente ao seu uso. No cumprimento de seu papel, o médico dermatologista fará a indicação, a prescrição e o acompanhamento do tratamento”.

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Contraindicações

Pela bula, a principal proibição é para quem apresenta reações alérgicas às substâncias da composição. E há também a necessidade de evitar certas interações medicamentosas. Diuréticos e outros anti-hipertensivos estão na lista, porque podem gerar uma queda abrupta da pressão.

O cardiologista Edilberto Castilho, do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, entende que é importante passar por exames antes de tomar o minoxidil, mesmo em doses baixas. “Muitas pessoas descobrem que tem doenças coronárias nesses exames de rotina. Então, mesmo os indivíduos saudáveis deveriam fazer uma investigação prévia”, afirma o médico.

Quem tem doenças cardíacas, já é hipertenso ou apresenta pressão irregular corre maior risco ao tomar o medicamento indiscriminadamente.

Por que não ficar só no minoxidil tópico?

“Quem usa bem a loção começa a sentir a diferença com até três meses de uso. Mas se a prescrição for para sempre, é como filtro solar. Precisa passar todos os dias, e o produto deixa o cabelo com aspecto de sujo, além de às vezes causar coceira e descamação”, conta Alessandra.

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Para esse público em tratamento crônico, o comprimido seria mais cômodo e fácil de aderir. É algo para discutir com o profissional de saúde, pesando os benefícios e os riscos.

Anvisa e outras agências internacionais não aprovam uso

O uso do minoxidil na forma oral como tratamento para queda de cabelo não foi autorizado por nenhuma agência no mundo, inclusive a nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas é comum que médicos utilizem remédios no modo off-label.

Ou seja, eles prescrevem o fármaco com base em efeitos secundários, que não foram submetidos ao crivo das agências reguladores. No caso do minoxidil, é o efeito colateral de crescimento dos pelos.

A Anvisa atua na fiscalização e proíbe produtos que usam o nome da substância minoxidil para prometer melhoras contra a calvície.

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