Adoçantes sabatinados em consultório: o que você deve saber
Nutricionista compartilha e esclarece dúvidas que chegam dos pacientes sobre a segurança desses produtos
Os diversos adoçantes disponíveis no mercado, seja para consumo em mesa, seja para uso culinário, formam uma das categorias de aditivos alimentares mais conhecidas e utilizadas pela população.
São substâncias com a finalidade de auxiliar as pessoas a reduzir o consumo de açúcar com o fornecimento de nenhuma ou pouquíssima caloria. Na prática, são ingredientes que conseguem manter o prazer do sabor adocicado do alimento ou da bebida e contribuem para um estilo de vida mais saudável.
Resolvi escrever este artigo porque vejo duas dúvidas comuns em meu consultório em relação à segurança do consumo de adoçantes. A primeira delas é: eles são realmente seguros?
Essa é uma pergunta bastante recorrente, e digo sem meias palavras: sim, são seguros.
Como todos os aditivos alimentares, os adoçantes passam por um extenso e rigoroso processo desde sua descoberta até a fabricação pela indústria. São etapas para os cientistas entenderem como a substância (o novo ingrediente) se forma e qual caminho percorre dentro do nosso organismo após sua ingestão.
Seguem-se algumas fases para se comprovar que não há toxicidade e, a partir de então, são realizados os testes em pessoas saudáveis e em grupos entendidos como vulneráveis, como diabéticos, gestantes e crianças com mais de 2 anos de idade. São centenas de estudos que, agrupados, atestam a segurança de seu consumo em massa.
Aprovados nesses estudos, iniciam-se os processos de regulação, tendo a Anvisa como o órgão responsável por essa etapa no Brasil. E essas pesquisas são revalidadas periodicamente para se certificar que os produtos continuam seguros diante de outras evidências e dados do mundo real.
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Outra dúvida que frequentemente aparece em consultório é: mas adoçantes podem causar câncer?
Esse questionamento surgiu por conta de pesquisas cujas metodologias foram mal desenhadas. Um dos experimentos citados para fazer essa alegação foi feito em ratos expostos a uma quantidade enorme de um tipo de adoçante. Neles, foi observada maior incidência de tumores.
Essa quantidade de adoçante utilizada em ratos jamais se traduziria para algo possível de se consumir por um ser humano: seriam quilos de adoçante por dia. Além disso, o metabolismo de ratos é diferente do dos humanos.
Pesquisas posteriores realizadas com pessoas e com esses mesmos adoçantes não relataram esse risco. Enquanto um adoçante estiver no mercado significa que ele foi extensivamente avaliado e é seguro para o consumo.
Cada adoçante possui seu valor específico de IDA (Ingestão Diária Aceitável), que é a fração que pode ser consumida diariamente ao longo de toda a vida sem riscos à saúde. Para dar uma ideia de quanto esse volume é alto, a dose máxima recomendada para o consumo por um adulto correspondente à IDA é de 39 sachês de sacarina por dia, ou mais de 200 sachês de aspartame no mesmo período.
Portanto, são quantidades extremamente altas e não são plausíveis de se alcançar facilmente pensando no que geralmente consumimos de adoçante nas refeições.
Resumindo: os adoçantes são produtos que trouxeram acesso à redução do consumo de açúcar, mantendo o sabor doce e a qualidade de vida, com ganhos para o bem-estar. Permitem o convívio ao redor de uma mesa de pessoas com restrições ao açúcar e o apoio ao controle de doenças crônicas, como o diabetes e a obesidade.
Dentre tantas opções do mercado, qual adoçante escolher? Isso vai depender da finalidade de uso e, claro, das suas preferências.
* Leila Hashimoto é nutricionista, doutora em Ciência dos Alimentos e professora da pós-graduação da PUC de Goiás