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A tecnologia precisa fazer parte da base do sistema de saúde

Inteligência artificial, realidade virtual, internet das coisas... inovações como essas, ao entrarem no sistema de saúde, podem proporcionar benefícios

Por Ricardo Ramos, cirurgião-geral*
6 ago 2022, 17h50
ilustração de planilha de pessoa com elementos tecnológicos à sua volta
Inteligência de dados e assistência remota revolucionam realização de consultas e exames. (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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A pandemia de Covid-19 intensificou algo que já era vital: a preocupação com a saúde. Neste cenário no qual os holofotes foram voltados para o setor, o consumidor reagiu e tornou o plano de saúde o terceiro item da sua lista de maiores desejos, atrás, apenas, da casa própria e da educação, de acordo com a pesquisa Vox Populi de 2021, encomendada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). 

Isso se reflete em números: a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta que nos planos médico-hospitalares, em um ano, houve aumento de 1 520 778 beneficiários – o equivalente a 3,18% de crescimento em relação a abril de 2021. 

Esse dado é uma faca de dois gumes. Por um lado, a adesão da assistência particular à saúde é positiva, pois desafoga o SUS e faz a economia respirar. Por outro, o crescente acesso ao sistema privado pode congestionar o modelo nacional, caso permaneça inerte às mudanças da conjuntura. 

E, por isso, é importante que as instituições particulares pensem de forma abrangente, ampliando unidades e serviços, estabelecendo solidez financeira, traçando políticas e ações em que o paciente esteja no centro e, principalmente, investindo em tecnologias que contribuam para a gestão da saúde dos brasileiros. 

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Para ser efetivo, o modelo de atendimento deve superar, de uma vez por todas, o foco emergencial. Para tal, é imprescindível a adoção de dados estruturados que se transformam em conhecimento e informação para médicos, machine learning, inteligência artificial, realidade virtual e internet das coisas. Afinal, a transformação digital em saúde não se restringe ao uso da telemedicina ou do smartwatch, embora sejam desejáveis. Ela passa, obrigatoriamente, por um ambiente pouco iluminado para alguns profissionais, que é a interoperabilidade de dados.

Por meio do processamento e análise simultânea de dados de diversas origens, é possível informar um paciente de alto risco que os resultados dos seus exames estão fora do padrão esperado, ou avisar a um beneficiário que o marcador de tumor utilizado para rastrear um tipo de câncer veio alterado, e que ele deveria aprofundar sua investigação. Com a inteligência artificial, é possível ainda acionar casos graves e que mereçam intervenção de urgência ou emergência. 

Há cases interessantes que ilustram essa jornada mais inteligente e fluida. No Brasil, já disponibilizamos algoritmos que detectam achados relevantes em laudos de

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exames em tempo real. Desta forma, é possível alertar o médico sobre eventuais suspeitas de câncer e condições de saúde graves e o paciente, que pode não ter buscado o resultado, não corre o risco de adiar um tratamento necessário para seu caso. Um núcleo foi criado especialmente para acionar o médico do usuário e também oferecer suporte para as demais etapas necessárias ao cuidado do paciente. 

O uso inteligente e integrado de dados traz para o sistema de saúde privado uma nova etapa para a gestão e planejamento. Consequentemente, possibilita a otimização dos recursos disponíveis e eleva a qualidade de vida da população, reduzindo procedimentos desnecessários ou, ainda mais importante, antecipando intervenções que culminarão em melhores desfechos.  

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Na saúde, a tecnologia não deve ser algo ferramental, e sim, matricial: um processo que envolve mudança cultural, priorizando integração de dados, análise e providências, trazendo uma nova forma de pensar que ofereça experiências únicas e reduza custos empresariais, contribuindo para a diminuição da inflação para as empresas e/ou organizações do setor. 

O desejável aumento das carteiras dos planos de saúde somente será sustentável com as necessárias mudanças no paradigma do setor privado. Todos os atores, incluindo empregadores, operadoras e prestadores de serviços de saúde, que não estiverem atentos ao novo cenário serão afetados pelas novas tecnologias, e em especial por aquelas relacionadas à interoperabilidade de dados. Essa mudança já está acontecendo em silos, mas precisa ser conjuntural para beneficiar toda a sociedade.

*Ricardo Ramos  é cirurgião-geral, partner de gestão médica e tecnologia da Dasa Empresas, gestora de benefícios e soluções de saúde corporativa da Dasa

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