Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

A nova realidade da internação psiquiátrica no Brasil

Especialista conta como práticas inadequadas foram deixadas para trás - e de que forma o paciente psiquiátrico é atendido hoje

Por Lucas Spanemberg, psiquiatra*
28 abr 2021, 12h08

De maneira geral, a estimativa de que 20% da população mundial sofra algum transtorno psiquiátrico – incluindo ansiedade e depressão – não mudou ao longo dos anos. O que mudou drasticamente foi o tratamento dos acometidos com doenças mentais. Além da evolução das terapias, incluindo medicamentos e sessões de psicoterapias para o controle dos sintomas, a internação passou a ser indicada apenas em casos graves e ganhou humanização, acabando com as verdadeiras sessões de tortura às quais eram submetidos os pacientes há cerca de 40 anos.

A quebra de paradigmas das internações psiquiátricas no Brasil tem a assinatura da médica alagoana Nise Silveira que, nos anos de 1940, atuou no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro. Lá, ela lutou contra as técnicas psiquiátricas empregadas à época por considerá-las agressivas. Foi responsável pela Seção de Terapêutica Ocupacional na unidade e, em vez de atribuir tarefas de limpeza e manutenção aos pacientes, como era praxe, criou ateliês de pintura para reatar o vínculo dos internos com a realidade por meio de manifestações artísticas e criativas. Radicalmente contra eletrochoques, insulinoterapia e lobotomia, Nise também foi pioneira ao enxergar o valor terapêutico da interação de pacientes com animais.

Mas foi apenas em 2001 que a Lei Antimanicomial, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, marcou o fechamento gradual de manicômios e hospícios no país, tornando-se o símbolo maior da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Em substituição aos hospitais psiquiátricos, foi criada a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), centralizando a assistência de transtornos mentais graves nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e valorizando o tratamento comunitário e ambulatorial.

Na mesma linha, leitos manicomiais deveriam ser substituídos por unidades psiquiátricas em hospitais gerais (UPHG), mais equipadas e com suporte multidisciplinar, destinadas a casos agudos graves.

Continua após a publicidade

A Reforma Psiquiátrica valorizou um trabalho legítimo de profissionais da saúde mental do país. São equipes multidisciplinares que não medem esforços para minimizar o sofrimento dos pacientes. Hoje podemos afirmar que a psiquiatria brasileira tem alguns dos melhores pesquisadores e médicos e serviços ambulatoriais de alta complexidade, além de excelentes unidades de internação.

A internação psiquiátrica é o local onde, em situações dramáticas e graves, encontra-se uma oportunidade de mudança de trajetória de pacientes e suas famílias. Porém, até o lançamento de Manual de Internação Psiquiátrica (Editora Manole – clique para comprar), não havia um livro exclusivamente voltado a esse cenário no Brasil.

Continua após a publicidade

Escrito por psiquiatras com experiência no tema, a obra cobre uma lacuna, oferecendo a especialistas em saúde mental, professores, alunos de graduação da área da saúde e residentes em psiquiatria um compilado de conteúdos voltado a capacitar e esclarecer sobre patologias, situações e circunstâncias relacionadas à internação psiquiátrica no país.

Realizado com entusiasmo, em um projeto que reuniu gerações de profissionais com diferentes experiências, o Manual de Internação Psiquiátrica traz uma contribuição inédita e necessária, que pode modificar beneficamente a vida de pacientes e de seus familiares.

*Lucas Spanemberg é médico pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e psiquiatra pelo Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.